03/08/2022 - 12:55
Por Marcelo Teixeira
NOVA YORK (Reuters) – A Raízen e o ASR Group, maior refinador de açúcar do mundo, anunciaram nesta quarta-feira um acordo de dez anos para a negociação do produto não transgênico fabricado pelas unidades da companhia brasileira.
É o primeiro acordo em larga escala global para o fornecimento de açúcar livre de cana transgênica, enquanto produtores brasileiros avançam na produção da matéria-prima geneticamente modificada buscando reduzir custos –embora a área plantada atual no país seja relativamente pequena, em torno de 70 mil hectares.
O acordo com a empresa norte-americana ASR Group envolve volume anual de 1,2 milhão de toneladas, o equivalente a aproximadamente 20% da produção da Raízen, maior produtora global do setor de açúcar e etanol de cana.
O objetivo é criar uma cadeia global de fornecimento e venda de açúcar bruto 100% rastreável, produzido a partir da cana-de-açúcar não modificada geneticamente.
A companhia brasileira ficará responsável por toda a cadeia operacional, garantindo a rastreabilidade e integridade do produto através de seus processos, infraestrutura e tecnologia.
Como parte da parceria, a Raízen disse que se tornou a primeira empresa do setor sucroenergético a receber a certificação da FoodChain ID, empresa norte-americana de identificação de alimentos geneticamente modificados.
A Raízen está credenciada para plantio, colheita e produção do açúcar bruto a partir de cana não transgênica em 15 parques de bioenergia.
Os detalhes financeiros do negócio não foram divulgados, mas as companhias disseram que o produto não transgênico terá um prêmio ante o valor de mercado para cobrir os custos associados.
“Alimentos livres de trangênicos são um grande tema na Europa, nos Estados Unidos, e chegamos à conclusão de que precisávamos de um grande volume de açúcar de cana livre de OGM”, disse o vice-presidente do grupo ASR para açúcares globais, Alan Wood, à Reuters.
“Este acordo nos coloca em uma boa posição para atender a essa crescente demanda dos consumidores, incluindo indústrias de alimentos e bebidas”, disse Wood, cuja empresa vende marcas populares de açúcar como Tate & Lyle na Grã-Bretanha e Domino nos EUA.
Os transgênicos avançaram além da soja e do milho recentemente, pois os produtores tentaram reduzir os custos e usar variedades mais resistentes a insetos e clima severo.
A cana-de-açúcar geneticamente modificada é considerada mais produtiva pelos desenvolvedores, mas há resistência de parte dos consumidores.
“Esta parceria marca um novo capítulo na rastreabilidade global do açúcar”, disse o vice-presidente de trading da Raízen, Paulo Neves.
O executivo disse que o acordo não significa que a empresa brasileira não adotaria cana transgênica em algumas de suas unidades, se visse eficiência em fazê-lo, mas acrescentou que a empresa quer atender as necessidades diferentes dos clientes.
(Com reportagem adicional de Letícia Fucuchima)