O Brasil já foi o sexto maior mercado fonográfico do mundo. Hoje ocupa o 12º lugar. Nos últimos três anos, dois mil pontos-de-venda de CDs foram fechados, metade dos empregos diretamente ligados à indústria da música desapareceu e, só em 2004, os prejuízos do setor atingiram US$ 250 milhões. O vilão da história pode ser encontrado em quase qualquer esquina: o CD pirata, que já responde por 60% dos disquinhos vendidos no País. Isso na versão das gravadoras, que não admitem que cobrar R$ 30 por um CD também tem a ver com o caos. Seja como for, o cantor Ralf, da dupla Chrystian & Ralf, diz ter a salvação. Ele inventou o SMD (Semi Metalic Disc), uma alternativa ao CD convencional, que toca em qualquer aparelho e é mais barato que o pirata. ?Tenho muito orgulho de chegar aos EUA e dizer que um brasileiro acabou com a pirataria?, diz o pai da idéia.

Ralf já investiu R$ 3 milhões na traquitana. O segredo do baixo custo do SMD, que será vendido a R$ 4, está no número de músicas ?injetadas? e na embalagem. Ele armazena de 3 a 7 faixas (para que mais, se as pessoas compram CD só por causa do hit que toca na novela e no rádio?) e, por isso, a parte metálica do disco é menor. O que sobra é uma circunferência plástica onde está impressa a ficha técnica da obra. Assim, o encarte pode ser eliminado e a caixinha de plástico, substituída por uma capa de papelão com as letras das músicas e a foto do artista. ?Ninguém compra pirata porque gosta. A única maneira de competir com ele é no preço?, diz Cristina Monteiro, diretora da produtora Rádio Mídia System, que comprou a licença para gerenciar a patente do SMD por dez anos. O novo CD não traz um sistema de segurança que impeça a produção de cópias caseiras. ?Mas não compensa, pois ele é mais barato que o pirata sem ser pirata e a qualidade é de CD original. Além disso, ele tem o preço impresso na capa, para que o vendedor não aumente o valor?, diz a executiva.

Os primeiros artistas lançados serão as duplas sertanejas Marcelo & Gabriel e, claro, Chrystian & Ralf. Depois virão outros estilos, como rap e músicas evangélicas. Há também o projeto do SMDV (que armazena filmes) e do SMDG (para games). As expectativas não podiam ser mais otimistas. Cristina prevê que em 2008 o SMD responda por 40% do mercado nacional. E que a pirataria caia para 20%.