O sucesso das últimas ofertas de ações realizadas na Bovespa resultou num efeito colateral ? a demanda pelos papéis ultrapassou o total posto no pregão pelas empresas. Para resolver o problema, técnicos da Bolsa e da companhia Suzano Petroquímica criaram um modelo diferente de rateio dos papéis, que foi testado na emissão de 28 milhões de ações da empresa em dezembro passado. O resultado: 47% dos interessados foram atendidos e a operação se mostrou uma boa forma de suprir os pequenos investidores. ?Agora, o modelo mais antigo, proporcional, pode ser substituído ou combinado com o novo método, baseado na igualdade da distribuição?, diz João Batista Fraga, diretor de Produtos e Serviços da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).

Tradicionalmente, o rateio é feito de acordo com o valor total de reservas. Se a empresa emite R$ 100 milhões e a demanda é de R$ 300 milhões, o rateio será de 33%, resultado da divisão entre a oferta e a demanda. Por exemplo: o investidor que pedir R$ 200 mil em ações terá direito a comprar apenas 33% desse montante, ou seja, R$ 66 mil. Logo, um investidor que fizesse uma reserva menor, de R$ 10 mil, também receberia menos, ou seja, R$ 3,3 mil. Pelo novo critério, as ações são distribuídas uma a uma entre todos, sucessivamente, até que as ordens de compra sejam completadas. Assim, quem pedir volumes menores assegura um percentual maior da reserva ? e estes, naturalmente, serão beneficiados.

O caso da Suzano Petroquímica mostra como o recurso funciona. Havia 5.016 investidores no varejo interessados no papel, que fizeram pedidos num total de R$ 174 milhões. Para eles, contudo, estavam reservados somente R$ 32,5 milhões da oferta, ou 18,9%. Com o novo rateio, todos os investidores receberam R$ 9.187. Assim, 2.368 deles ganharam seu pedido integral. No cenário anterior, sem rateio, uma pessoa que pedisse R$ 10 mil levaria apenas R$ 1.890. Trata-se, enfim, de uma idéia democrática, boa para os pequenos .