Ao contrário do que faz diariamente em seu programa de variedades no SBT, o empresário Carlos Massa ? mais conhecido como Ratinho ? não precisou de um teste de DNA para saber que traz no sangue o espírito empreendedor. Afinal, poucos conseguem, em apenas oito anos, construir um patrimônio de US$ 125 milhões. Uma parcela substancial desta fortuna advém de receitas com a venda de produtos criados por ele e licenciados para indústrias em todos os cantos do País. Em troca ele embolsa uma fatia de 6,5% das vendas. Nos próximos dias, Ratinho amplia seu mix com duas novas tacadas. Em parceria com o empresário Olacyr de Moraes, do Grupo Itamaraty, ele vai investir no segmento de adoçantes naturais. O acordo prevê a construção de uma usina de beneficiamento em Jandaia do Sul (PR), cidade natal de Ratinho. A unidade começará a operar em 2003 e abastecerá não só o mercado interno, mas também Europa e Ásia. Outra novidade do empresário é a estréia no ramo de pescados. No final de julho, chegam às gôndolas dos supermercados a sardinha e o atum em lata da marca 88, fabricados pela Gomes da Costa (GDC). Trata-se de um setor que movimenta R$ 620 milhões por ano no País. ?Será um sucesso. É barato e o povão adora?, aposta Ratinho.

 

Diversificação é marca registrada do empresário Carlos Massa. Sua cesta de produtos inclui ? além de sardinha, atum e adoçante ?, café (com a marca Café no Bule), achocolatado (Xocopinho), ração animal (Foster) e até esponja de limpeza (Pertuto). Juntas, elas engordam sua poupança em R$ 2,5 milhões por mês. ?É uma quantia admirável se levarmos em conta que ele recebe esta bolada livre de qualquer despesa?, opina Eduardo Tomiya, diretor de Avaliação de Marcas da Interbrands Brasil. Explica-se: o único custo do empresário é desenvolver a marca e achar quem esteja disposto a fabricar e comercializar o produto. Em troca, Ratinho recebe royalties e empresta sua popularidade junto às classe B, C e D. Suas peripécias na telinha são acompanhadas diariamente por 1,2 milhão de pessoas, em média, apenas em São Paulo. Incluindo o salário no SBT e os ganhos com merchandising, os rendimentos mensais do apresentador beiram os R$ 4 milhões. Seu patrimônio inclui duas emissoras de rádio, um jornal, 11 fazendas, uma fábrica de estofados e uma construtora. Nas fazendas, ele cultiva café e soja, além de manter um rebanho de 25 mil cabeças de gado.

 

Ratinho tem um estilo próprio de fazer negócios. Suas tacadas são quase sempre fruto da intuição. Entrou no ramo de pescados industrializados, por exemplo, após encontro casual com o dono da GDC, Ismar Assaly. Ratinho acabou comprando do empresário a então enfraquecida marca 88. ?Essa linha deverá responder por até 15% de nossas vendas, que atingem R$ 248 milhões?, prevê Assaly. A mesma fórmula intuitiva vale também para o negócio com Olacyr de Moraes. Em 1998, Ratinho ouviu falar numa planta chamada stevia, matéria-prima para adoçantes e concorrente do aspartame, com a vantagem de ser natural. Foi então à Universidade Estadual de Maringá (PR) perguntar se havia algum trabalho sobre a planta. Soube que os estudos estavam parados por falta de recursos. Sacou R$ 1 milhão do bolso e, em troca, ganhou a exclusividade do uso da descoberta. De acordo com Walter Rischbieter, diretor comercial do Grupo Itamarati, a stevia é um mina de ouro. O mercado japonês paga US$ 90 pelo quilo do produto. O rato vai longe.