30/08/2018 - 11:18
O Brasil está no vermelho. Há vários anos, o rombo das contas públicas vem superando a marca dos R$ 100 bilhões. Em 2019, qualquer que seja o presidente da República, o problema se repetirá. Eis que, neste contexto, o governo federal resolveu promover uma farra fiscal com a conivência dos principais candidatos.
Na quarta-feira 29, o presidente Michel Temer bateu martelo em dois reajustes salariais. Um para juízes federais e outro para 23 carreiras de servidores públicos da União. Na ponta do lápis, serão gastos mais R$ 8 bilhões em 2019, fora eventual efeito cascata em Estados e municípios. Por mais justa que seja a reivindicação dos servidores – a inflação realmente corrói o poder de compra ao longo dos anos –, o momento é totalmente inadequado. Falta bom senso em Brasília.
Como o País, felizmente, tem um teto para os gastos públicos em vigor, essa farra fiscal vai obrigar o próximo presidente a cortar recursos equivalentes em outras áreas. As vítimas serão a saúde, a educação, a segurança pública, os programas sociais e os investimentos. São todos cortes burros e que jogam contra a sociedade e o crescimento econômico.
Alguns dirão que é melhor, então, acabar com a regra do teto, que congela por dez anos (renováveis por mais dez anos) o orçamento federal em termos reais (descontada a inflação). Lamento informar que essa não é a melhor solução. Se com o teto em vigor, já há farra fiscal, imagine sem teto. A Reforma da Previdência Social, por exemplo, seria empurrada com a barriga durante muitos anos.
Mais grave do que a decisão do atual presidente, já em clima de fim de governo, é a omissão dos principais candidatos. Ninguém tem coragem de se posicionar contra os servidores públicos. O silêncio é uma covardia com os eleitores. E a farra fiscal, um tapa na cara da população.