05/05/2021 - 12:41
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O estrategista para mercados emergentes do Société Générale Bertrand Delgado estima que o real seguirá sob pressões de baixa, uma vez que riscos políticos ainda em patamares altos alimentam vulnerabilidades econômicas e fiscais.
O banco francês espera que o dólar feche junho em 5,60 reais, indo a 5,80 reais no término de setembro e encerrando o ano em 6,00 reais. Ao fim de março de 2022, a previsão é que a moeda norte-americana alcance 6,10 reais.
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Nesta quarta-feira, a cotação estava em torno de 5,37 reais.
“Investigações sobre a gestão da pandemia pelo governo provavelmente só aumentarão o ruído político e têm o potencial de adiar a aprovação das reformas necessárias e diluir notícias positivas relacionadas a privatizações”, disse Delgado em relatório nesta quarta-feira.
Ele acrescentou que as incertezas políticas incluem chances de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer nas eleições de 2022 e de o presidente Jair Bolsonaro adotar postura mais populista.
O estrategista também afirmou que a expectativa do banco é de que a pandemia e a baixa implementação de vacinação melhorem em ritmo lento, “sugerindo que vulnerabilidades de crescimento e fragilidades da dívida devem persistir”.
Ele ainda apontou estimativas do banco para os juros de dez anos em moeda local como mais um componente para uma percepção ainda negativa.
Citando taxa atual de 9,34% ao ano, o Société projeta 9,50% ao fim do segundo trimestre, 9,60% no término de setembro e 9,75% no encerramento de dezembro. Em março de 2022, o juro de dez anos baterá 10,00%.
Ainda assim, Delgado sinalizou estar um pouco menos pessimista no câmbio, citando entre fatores que podem evitar uma depreciação ainda maior do real a melhora dos termos de troca e intervenções do Banco Central no mercado.
Tendo de pano de fundo as atenções voltadas para as sinalizações de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), o estrategista também avalia que posições táticas podem ser uma opção, especialmente em ativos com valuation barato, como é o caso da moeda brasileira.