Estamos falando de uma valorização baseada no futuro. As avaliações das empresas de tecnologia são amplamente ancoradas em potencial futuro, não no desempenho atual. E é isso que está sendo precificado agora nos grandes índices.

Você pensaria que já estaríamos entediados com tantas máximas históricas. Mas não, Wall Street continua atualizando seu placar de recordes. De novo e de novo, dia após dia.

Na sexta-feira passada, 25, o S&P 500 marcou seu 14º fechamento recorde do ano, encerrando o dia em 6.388,64. O Nasdaq Composite veio logo atrás com seu 15º recorde, fechando em 21.108,32. Até mesmo o Dow Jones, o irmão mais velho que prefere rendimento em vez de hype subiu quase 0,5%, fechando em 44.901,92, a poucos pontos do recorde de dezembro.

Enquanto os índices batem marcas históricas, os investidores compram ações antecipadamente antes da divulgação de grandes resultados que moldam os fundamentos das ações. Por quê? Porque a semana que vem é o “Super Bowl” dos balanços, e a maior parte do grupo das “Sete Magníficas” está prestes a se apresentar.

O que são as Sete Magníficas?

Um clube extremamente seleto, com apenas sete integrantes, os Sete Magníficos agora estão sob os holofotes dos resultados trimestrais — e o público não está sendo indulgente. Os investidores estão precificando perfeição, e o roteiro vai ter que entregar.

A Meta abre a temporada nesta quarta-feira, 30, após o fechamento do mercado, com uma expectativa de receita de 44,8 bilhões de dólares e lucro por ação de 5,87 dólares. Será que a narrativa da IA de Zuckerberg vai fazer os investidores esquecerem o metaverso?

A Microsoft divulga os números no mesmo horário, esperando impressionar com 73,8 bilhões em receita e lucro por ação de 3,38 dólares. O Copilot AI vai precisar trabalhar dobrado.

Na quinta-feira, novamente após o fechamento, é a vez da Amazon entrar na conversa. A expectativa é que seu império de AWS e e-commerce registre 162,1 bilhões em receita. Logo em seguida vem a Apple, tentando reverter sua queda de desempenho com uma receita esperada de 89,2 bilhões e lucro por ação de 1,43 dólar. Um dado importante: a Apple acumula queda de 12% no ano, sendo uma das piores do grupo.

Até agora, a Alphabet já surpreendeu positivamente, com receita de 96,4 bilhões e lucro por ação de 2,31 dólares, além de um aumento agressivo no capex para US$ 85 bilhões.

E a Tesla? Nem tanto. A montadora de veículos elétricos reportou queda de 12% na receita e de 16% no lucro líquido, assustando investidores com o alerta de “trimestres difíceis pela frente”. A ação acumula queda de 17% no ano.

Nvidia, líder em IA, reporta só no final de agosto. Até lá, está tranquila em seu trono de 4 trilhões de dólares, como mostra nosso ranking de maiores empresas, observando os colegas suarem a camisa.

Será que as Sete Magníficas conseguem continuar carregando o mercado?

Aqui vai uma dose de realidade: o S&P 500 inteiro está sendo sustentado por essas sete ações. Os analistas esperam crescimento de 14% nos lucros desse grupo, enquanto as outras 493 empresas mal devem alcançar 3,4%. Um mercado altamente concentrado.

E se uma dessas gigantes errar feio nas projeções e soltar uma previsão pessimista? Correção de mercado?

Oportunidade de comprar na baixa?

E não podemos esquecer: as avaliações estão esticadas. O S&P 500 está sendo negociado a quase 23 vezes os lucros projetados por ação. E o Nasdaq? Nem pergunte. (Vamos dizer mesmo assim — está perto de 30 vezes). Dito isso, este é um ótimo momento para acompanhar o calendário de resultados.

Nem tudo é big tech: Fed e empregos no radar

Como se a semana já não estivesse cheia o bastante, a macroeconomia voltou para o radar. O Federal Reserve se reúne na terça e na quarta, e o presidente Jay Powell deve manter os juros estáveis em 4,5%.

Mas não descarte uma reviravolta. Uma palavra mais dura e o mercado pode tomar um banho de água fria. Powell, o homem que move trilhões com um simples “Boa tarde”, tem histórico de colocar o mercado em seu lugar quando o entusiasmo passa do ponto.

E ainda tem o relatório de empregos de sexta-feira. O consenso aponta para apenas 108 mil novas vagas criadas em julho, um número fraco, mas não desastroso, e menor do que os 147 mil de junho. Culpe a desaceleração nas contratações de verão, a incerteza sobre tarifas ou o mercado finalmente digerindo o próprio excesso de otimismo.

Agora é com você: as Sete Magníficas vão continuar mantendo o mercado magnífico? Ou estamos prestes a descobrir o que acontece quando se voa perto demais do sol com asas feitas de inteligência artificial?