18/07/2016 - 0:00
“Você deve ser disruptivo com sua própria empresa ou outros farão isso por você”. Eu gostaria de ser o autor dessa frase. Mas ela é atribuída a Steve Forbes, que comanda um dos ícones do jornalismo de negócios nos Estados Unidos.
Forbes não é um moderninho do Vale do Silício, está mais para um dos barões do business as usual – termo que sintetiza a visão tradicional de negócios. Mas está atento às transformações cada vez mais aceleradas do tempo em que vivemos, que não se limitam a alguns mercados, geografias ou indústrias.
Pensando em gestão de riscos, o maior risco para qualquer negócio já estabelecido nos dias de hoje é fazer nada. É julgar que não está sob ameaça do surgimento de uma nova tecnologia ou modelo de transação ou produção que conquiste rapidamente o mercado e torne sua proposta obsoleta em meses, não mais anos.
Agora, por que essa urgência é maior agora do que há cinco ou dez anos? Porque vivemos em um ambiente que soma várias ondas tecnológicas, tornando o impacto da evolução dos novos negócios exponencialmente mais veloz.
A internet do final do século passado viabilizou o surgimento das plataformas sociais a partir de 2005, que se multiplicaram a partir do conceito de computação em nuvem em 2010, democratizando o acesso à capacidade de armazenamento e de cálculo dos servidores interligados na web, e a explosão do aparelhos de conexão, seja smartphones, tabletes ou computadores pessoais cada vez mais baratos.
Assim, passamos a ter cada vez mais pessoas conectadas a plataformas tecnológicas que propiciaram a atual colaboração nos mais diversos campos profissionais e a ampliação da obtenção e da análise de informação. Conclusão: o poder de inovar, de agregar e controlar informação saiu do controle das empresas e se pulverizou.
Pronto. O que antes só poderia ser feito na garagem de alguns visionários como Bill Hewlett, Dave Packard ou Steve Jobs, passou a ser possível a partir do computador do quarto bagunçado de qualquer adolescente nerd mundo afora. E não se trata apenas da produção de aplicativos, mas de biotecnologia, nanotecnologia e tantas outras ciências que já estão impactando as indústrias farmacêutica, química, agrícola, biomédicas, financeira e todas as demais.
Neste cenário, toda a limitação que se coloca aos clientes, consumidores ou parceiros de negócios pode e deve ser encarado como uma oportunidade para se recriar a relação, seja na forma de produção, seja na aquisição ou qualquer outra condição do negócio. Mesmo que para isso seja necessário transgredir a regulamentação. Afinal, desde sempre, primeiro se estabelece a prática, depois vem a regulação consolidar os parâmetros da boa prática.
Quem acreditar que seu setor é muito regulamentado o que dificulta a inovação – ou só ouvir os seus advogados – corre o risco de ficar como os motoristas de taxi, que tentam manter um mercado que já não é mais o mesmo, agarrados a práticas e interesses que já não atendem a seus próprios consumidores.
Afinal, já não se pode mais garantir que, nos próximos cinco anos, qualquer produto, mercado ou indústria estará imune às transformações. Esse sentido de urgência e de risco traz consigo grandes oportunidades de negócios. Desde que não se fique preso a posições e verdades absolutas.