Com o plano de reconstrução proposto pela Comissão Europeia, a União Europeia (UE) tem a oportunidade de mostrar unidade após a retirada nacional no início da pandemia, embora a tarefa seja difícil.

Em uma primeira demonstração de otimismo, os países da UE acolheram “globalmente bem” a ideia do fundo de 750 bilhões de euros (US$ 825 bilhões) para relançar a economia, em sua primeira reunião após o anúncio.

Até mesmo o grupo dos “frugais” (Dinamarca, Países Baixos, Suécia e Áustria), países adeptos do rigor fiscal e relutantes à mais solidariedade com seus parceiros do Sul, que consideram um desperdício, não fecharam as portas.

– “Lutar primeiro” –

Este plano, vinculado ao orçamento plurianual europeu, será financiando através de dívidas emitidas pela Comissão “em nome da UE”, algo que parecia completamente inconcebível antes da recente virada da Alemanha.

Além disso, meio trilhão de euros (cerca de US$ 550 bilhões) deste fundo serão entregues aos países que o solicitarem como ajuda não reembolsável, enquanto o restante assumirá a forma de empréstimos reembolsáveis.

A cúpula dos líderes europeus representará, em 19 de junho, um primeiro momento importante para o fundo, embora não se espere uma decisão nesse dia. “Precisam ter a oportunidade de lutar primeiro”, aponta uma fonte europeia.

No melhor dos cenários, o objetivo é que os líderes cheguem a um acordo durante uma segunda cúpula, desta vez pessoalmente em Bruxelas em julho, o que constituiria um momento histórico na UE.

A chanceler alemã, Angela Merkel, lembrou na quarta-feira que o objetivo é ter tempo suficiente para a aprovação pela Eurocâmara e pelos parlamentos nacionais para sua entrada em vigor em 1 de janeiro de 2021.

Apesar da urgência e do baixo nível de atividade econômica, a negociação será difícil. Cada país tentará obter o máximo de dinheiro possível, em um contexto de profundas diferenças e interesses diversos.

– “Troféus” –

Os países do Sul, os mais atingidos humana e economicamente pela pandemia, esperam uma maior solidariedade de seus parceiros, o que se reflete no momento amplamente na proposta da Comissão Europeia.

No entanto, os “frugais” também precisam de “troféus para apresentar aos seus parlamentos” e garantir a aprovação do plano, resume um funcionário europeu, para quem estes buscarão que seja limitado no tempo e sujeito a condições.

Esse cenário traz de volta o fantasma de uma Grécia forçada a aplicar duras reformas em sua economia em troca de um resgate durante a passada crise da dívida, embora Bruxelas se esforce para tranquilizar sobre as condições.