Se uma empresa que produz automóveis, picapes ou caminhões resolve participar do mundo da Fórmula 1, as razões são óbvias. É o caso de Ferrari, Mercedes-Benz, BMW e Renault. Mas o que dizer quando uma corporação como a Red Bull, fabricante austríaca de bebidas energéticas, aventura-se no circo da velocidade? O motivo é rigorosamente o mesmo: marketing. Nenhum evento permanente, seja esportivo, social ou cultural, rende tamanha visibilidade ? cerca de 2,3 bilhões de telespectadores em mais de 200 países ? como a principal categoria do automobilismo mundial. Essa característica inata da F1 caiu como uma luva aos anseios dos executivos da Red Bull, em especial ao CEO e fundador da empresa, Dietrich Mateschitz. Foi ele quem anunciou, em dezembro, a compra da Jaguar Racing Team, que era da Ford. Os valores da negociação não foram revelados, mas especialistas garantem que a cifra tenha sido simbólica, pois a montadora, havia tempo, manifestara seu interesse em ?se livrar dos custos da equipe Jaguar? ? algo como US$ 70 milhões por ano. Um negócio de ocasião. ?Nossa estratégia é utilizar a categoria como vitrine?, explica o fundador, que, diferentemente dos executivos da Ford, não requer resultados expressivos na linha de chegada. É de se esperar que uma montadora exiba vitórias ao montar uma equipe. Já para a Red Bull, o importante está em aparecer para bilhões de novos consumidores. Prova recente dessa busca pela mídia foi o patrocínio ao pára-quedista Felix Baumgartner, que voou sobre o canal da Mancha com uma ?asa Red Bull? para bater o recorde mundial de distância (35 km). O mundo inteiro estampou as fotos do aventureiro.

A notícia da compra da Jaguar foi recebida com grande entusiasmo pela subsidiária brasileira da Red Bull. A empatia do público com a categoria deve render frutos ?energizados? às vendas da companhia no País. Ela detém a liderança do setor desde 1999, quando desembarcou por aqui. ?Temos mais de 60% de participação no segmento de bebidas energéticas no Brasil?, comemora a gerente de comunicação da Red Bull, Débora Pill. Como resultado, a empresa fatura R$ 229 milhões por ano. Mas quer acelerar essa performance. Para 2005, a Red Bull pretende dar continuidade aos patrocínios de eventos esportivos, a ponto de amealhar, sozinha, 85% de todos os aportes publicitários programados pelo setor de energéticos, segundo a empresa. ?Vamos aparecer em eventos culturais, como festivais de cinema, eventos de música eletrônica, desfiles de moda e exposições de arte?, promete Débora. De quebra, deve arrastar uma legião de latinhas azuis às arquibancadas do autódromo de Interlagos. 

US$ 1,6 bilhão é o faturamento mundial da Red Bull, que tem 70% do
mercado de energéticos