SÃO PAULO (Reuters) – A rede de supermercados St Marche entrou com um pedido à Justiça de São Paulo para suspensão temporária do pagamento de dívidas e para proteger a companhia contra medidas de cobrança de credores financeiros.

A companhia encaminhou à 1ª vara de falências e recuperações judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo pedido de tutela de urgência cautelar para que seja viabilizada uma “rápida, organizada e efetiva composição entre devedor e seus credores”, conforme documento produzido pelo escritório TWK Advogados.

O St Marche, um rival de menor porte da bandeira Pão de Açúçar, do grupo GPA, criado há 20 anos na cidade de São Paulo e que atualmente possui cerca de 30 lojas no Estado, cita na causa que o pedido à Justiça serve para a empresa evitar um “eventual” pedido de recuperação judicial, por meio da suspensão por até 60 dias da possibilidade de decretação de vencimento antecipado das dívidas e suas execuções.

O pedido foi concedido parcialmente, com o juiz no caso, Jomar Juarez Amorim, citando que o deferimento parcial serve apenas para “determinar a suspensão de execuções contra as requerentes, desde que embasadas em créditos sujeitos a RJ” pelo prazo máximo de 60 dias.

Segundo a empresa, há o risco de vencimento antecipado de dívida relacionada a debênture emitida pela holding não operacional STM e com prazo vencendo em 23 de junho de 2026. Esse vencimento antecipado soma um total de cerca de R$276 milhões, “em razão de descumprimento de um único ‘covenant’ financeiro, relativo ao índice de alavancagem de uma de suas subsidiárias”, segundo o pedido.

A rede cita que nos últimos dias fundos da Quatá enviaram avisos de vencimento antecipado de dívidas e que a STM “tem tido dificuldades na extensão de prazo do período de negociação” com o fundo de investimento em direitos creditórios não-padronizados Alternative Assets.

A companhia citou no pedido que chegou a tentar fazer uma abertura de capital em 2021 para levantar recursos para bancar seu crescimento “exponencial”, mas acabou não indo adiante diante de “mudanças no cenário macroeconômico”. A empresa ainda afirmou que o escândalo gerado pela fraude contábil bilionária que levou à Americanas à recuperação judicial em 2023 gerou redução de crédito ao setor e ao St Marche.

Procurada pela Reuters, a rede de supermercados disse que, em meio ao cenário de taxas de juros elevadas, tomou uma medida legal que “cria um ambiente mais estável para negociarmos com nossos credores financeiros”, acrescentando que as lojas do St. Marche e Santa Maria Empório continuam operando normalmente.