A Rede Sol — distribuidora de combustíveis com sede em Ribeirão Preto (SP) — finaliza investimento de R$ 35 milhões em um terminal de querosene de aviação no Aeroporto Internacional de Guarulhos para concorrer com as três gigantes que hoje dominam esse mercado no País: Shell Aviation (Raízen), BR Aviation (Vibra) e Air BP (British Petroleum).

O terminal da Rede Sol, que terá capacidade de armazenamento de 4 milhões de litros, já obteve todas as autorizações necessárias para operar tanto na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) quanto com a Gru Airport, administradora do Aeroporto de Guarulhos.

“Estamos dando os últimos retoques na obra e à espera da licença da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo)”, diz Valdemar De Bortoli Júnior, diretor-presidente da Rede Sol. “Foi um longo caminho para chegar até aqui: cinco anos para cumprir as exigências da ANP, outro tanto para habilitar-se a comprar o produto na Petrobras e mais um bom período para homologar-se na Gru Airport.”

O potencial de mercado é imenso. Calcula-se que, mensalmente, sejam bombeados 250 milhões de litros de querosene das bases da Petrobrás para abastecer aviões em Guarulhos. Como o produto é o mesmo para a sua empresa e para as outras três que já atuam no aeroporto, a Rede Sol pretende posicionar-se com preços menores que os de seus concorrentes.Raízen, Vibra a BP compartilham o uso de uma central de combustíveis no Aeroporto de Guarulhos e vendem o produto com práticas comerciais similares. Isso motivou, em 2014, a abertura de um processo contra essas empresas por conduta anticompetitiva no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que se arrasta no órgão desde então, em decorrência de inúmeras medidas judiciais.

O peso do combustível no valor da passagem aérea varia entre 40% e 45%, estima o diretor-presidente da Rede Sol. Qualquer redução no impacto da composição da tarifa pode ajudar a convencer os potenciais clientes da distribuidora a pelo menos conhecer seus planos comerciais. De Bortoli Júnior, no entanto, prefere iniciar a prospecção de clientes somente quando as obras do terminal estiverem de fato concluídas e não faltar nenhuma licença.

É uma cautela que o empresário traz consigo desde 1989, quando iniciou sua trajetória como dono de postos de gasolina e acentuou-se em 1998, quando fundou a Rede Sol, tornando-se distribuidor de diversos combustíveis, sobretudo para varejistas de bandeira branca — não vinculados a uma só marca — e para órgãos públicos. Cada uma dessas etapas demandou alguns anos para cumprir as exigências de órgãos reguladores antes do início efetivo das operações.

Em 2012, diversificou o negócio para combustíveis de aviação. Deu entrada na ANP com pedido para atuar nessa área. A autorização só veio em 2017. Passou a vender querosene (usado em jatos e consumido em larga escala no Brasil) e gasolina de aviação para pequenas aeronaves.

Decidiu constituir uma base no Aeroporto de Guarulhos quando seus estudos mercadológicos indicaram que quase metade do querosene de aviação comprado no País é consumida ali. As obras começaram na virada de 2021 para 2022. Enquanto finaliza o processo de inauguração do terminal, continua vendendo para clientes de pequenos aeroportos e para os segmentos de aviação agrícola e executiva.

O faturamento da Rede Sol ultrapassa R$ 1 bilhão por ano, advindos de distribuição de combustíveis automotivos, de aviação e de uma pequena rede de postos de gasolina. Seus planos de expansão não descartam a entrada de um sócio no capital da companhia, provavelmente estrangeiro. “Todos os equipamentos para estocar e distribuir combustíveis custam muito caro, além de requererem minuciosos controles e submeterem-se a rigorosa fiscalização”, afirma.