30/03/2011 - 21:00
Essa discussão voltou à pauta depois que o presidente do banco central suíço, Philipp Hildebrand, confirmou, na terça-feira 22, que o G-20 começará a debater as novas normas. As mudanças seguiriam reformas realizadas no segundo semestre de 2010, quando instituições como Citibank, UBS e Credit Suisse foram submetidas a critérios mais rigorosos. A notícia teve um reflexo fraco nas cotações dos bancos brasileiros. ?Boa parte dessas expectativas já havia sido absorvida pelo mercado?, diz Luciana Leocadio, analista da Ativa Corretora.
Agência bancária: menos espaço para o crédito
Até agora, as ações do Bradesco apresentaram o melhor desempenho. Boa parte dos resultados do grupo vem de seguros e capitalização, atividades menos prejudicadas pelas restrições aos empréstimos. O comportamento futuro do mercado vai depender, diz Luciana, de como o Banco Central (BC) vai adaptar a legislação para o Brasil. O cenário interno para o crédito é mais relevante para o comportamento das ações do setor em bolsa.
Destaque no pregão
JBS investe apesar do prejuízo
O prejuízo de R$ 264 milhões do frigorífico JBS em 2010 não inibiu a companhia de manter o seu plano de investimentos de R$ 1,4 bilhão para 2011 ? o capital será direcionado na melhoria das operações da empresa. O resultado foi afetado por despesas não recorrentes. O pagamento de prêmio aos debenturistas e os gastos com reorganização e reestruturação da produtora de frango americana Pilgrim?s Pride foram alguns dos fatores que prejudicaram. Não fosse pelas despesas financeiras excepcionais, o JBS teria lucrado R$ 196,1 milhões, uma queda de 10% em relação ao resultado positivo de 2009, que foi de R$ 220 milhões.
Palara de analista
O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, derrubando as ações da companhia na quinta-feira 24, data da divulgação dos resultados. Para Max Bueno, analista da Spinelli Corretora, o cenário pode mudar a partir do segundo semestre, quando há expectativas de que a disponibilidade de animais para abate na região do Mercosul aumente. Dentre as companhias brasileiras do setor, ele tem preferência pela Minerva, que tem maior exposição a este mercado.
Siderurgia
Mineração sustenta CSN
A disputa pelo controle da Usiminas, que inclui a concorrente Gerdau, não influencia as ações da Companhia Siderúgica Nacional (CSN), de Benjamin Steinbruch. A alta de 2,82% entre os dias 18 e 23 reflete a expectativa em relação ao balanço de 2010 da empresa, que será divulgado nesta semana. A CSN deverá se destacar na comparação com outras do setor por conta de suas atividades de mineração. ?A importação de aço prejudicou o setor e terá impacto no primeiro semestre de 2011. As atividades deverão melhorar a partir do segundo semestre?, afirma Pedro Galdi, analista da SLW Corretora.
Maiores altas da semana
Maiores baixas da semana
As 10 mais negociadas do Ibovespa
Desempenho das empresas por setor de atividade econômica
Termômetro do mercado
Bolsa no mundo
Educação financeira
Em seu livro O Mito dos Mercados Racionais, Justin Fox retoma a história dos grandes personagens da história econômica dos últimos 100 anos, como Alan Greenspan e Warren Buffett, para demonstrar por que a teoria dos mercados eficientes e racionais foi um erro. (Ed. Best Business, 476 páginas, R$ 59,90)
Quem vem lá
Liz pode captar até R$ 837 milhões
Os investidores interessados em participar da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Cimentos Liz terão até a quarta-feira 30 para fazere suas reservas. O preço de cada papel será definido no dia seguinte, 31 de março. A companhia pretende emitir 47,7 milhões de ações, em emissão primária, podendo ainda usar os lotes suplementar e adicional, que podem elevar a quantidade de ações colocadas para até 64,395 milhões. Com base no preço médio de R$ 13 para o papel, a companhia poderá levantar até R$ 837 milhões.
Fique de olho: com os recursos levantados no IPO, a empresa pretende modernizar sua fábrica, localizada em Vespasiano (MG), e reduzir a zero o endividamento do grupo.
Touro x urso
Enquanto o mercado externo se mostrou mais propenso ao risco na semana passada, os investidores domésticos permaneceram reticientes quanto ao rumo das ações da Vale, da Petrobras, das empresas de consumo e de construção civil. Apesar da volatilidade, o Ibovespa, principal indicador do mercado, conseguiu subir 1% entre segunda e quinta-feira, voltando para os 67 mil pontos. A última vez que o Ibovespa voltou a bater os 70 mil pontos foi em meados de janeiro. O otimismo do mercado externo será testado por importantes indicadores agendados para a próxima semana. São esperadas, nos Estados Unidos, informações sobre renda e gastos pessoais na segunda-feira 28, confiança do consumidor na terça, além da taxa de desemprego na sexta-feira 1º de abril.
Personagem
Tegma aposta no e-commerce
Alexandre Brandão, diretor de RI: menos ênfase no setor automotivo
A compra do controle da Direct Express Logística Integrada pela Tegma no início do mês vai possibilitar a entrada em novos setores e diminuir a importância da indústria automobilística nos resultados. A Direct deve ter receita bruta de R$ 160 milhões este ano. Alexandre Brandão, diretor de RI da Tegma, conversou com DINHEIRO sobre a compra e o relacionamento com investidores.
O que motivou a aquisição?
A empresa sentia necessidade de crescer mais e oferecer uma solução logística completa, pois não atuávamos em todos os segmentos. A Direct tem mais uma vantagem: ela possui uma forte atuação no e-commerce. Agora podemos aumentar nosso portfólio e oferecer os serviços da Direct para os clientes da Tegma e vice-versa.
Por que adicionar esses serviços?
Para tomar uma decisão de compra, precisamos calcular o que compensa mais, se adquirir ou desenvolver por conta própria. No caso da Direct, percebemos que a compra era uma oportunidade de acelerar a maturação das operações na Tegma. Este ano, a Direct vai representar cerca de 11% da receita bruta estimada.
A Direct vai diminuir a dependência do setor automotivo?
Sim, com essa aquisição poderemos elevar nossa penetração em outros segmentos. A receita oriunda do automobilístico pode cair, mas vamos conseguir um aumento muito acelerado em outras áreas.
Por que a empresa acelerou os encontros com investidores?
No fim de 2009, percebemos que a ação da companhia estava aquém do preço que consideramos justo. Para nós, é importante ver nosso papel valorizado no mercado e uma boa forma de fazer isto é explicando bem nossas operações. Fizemos cerca de 500 reuniões em 2010, bem mais do que as 300 de 2009. Apostamos também na conquista dos estrangeiros e fizemos três road shows internacionais em 2010.
Essa estratégia vai continuar?
Com certeza. Achamos que o trabalho ainda não está completo. Já estamos programando no mínimo dois road shows em outros países e um deles deve passar também pelo Oriente Médio.
Há novas compras programadas?
A Tegma sempre busca oportunidades, mas no momento não há nenhuma aquisição em vista.
Pelo mundo
Colgate paga ? 672 milhões pela Sanex - A fabricante de produtos de higiene e cuidados pessoais Colgate-Palmolive fechou a compra da marca Sanex por ? 672 milhões. A empresa também vendeu sua unidade colombiana de detergentes para a Unilever por US$ 215 milhões. As operações fazem parte da estratégia da companhia de focar os negócios em higiene bucal, cuidados pessoais e nutrição animal.
Japão afetará resultados da Tiffany - A Tiffany informou que o terremoto e o tsunami no Japão vão afetar seus resultados.Unidades de duas regiões afetadas, correspondentes a mais de 50% das vendas no país, interromperam operações ou diminuíram as horas trabalhadas. Parte delas já retomou o ritmo normal, mas as vendas no país devem cair 15% no primeiro trimestre.
Procter em Israel - A americana Procter & Gamble e a israelense Teva, uma das maiores fabricantes mundiais de genéricos, uniram suas operações de cuidados com a saúde fora da América do Norte. O objetivo é acelerar o crescimento no setor de medicamentos OTC, que não necessitam de receita médica. O valor deste mercado foi estimado pelas companhias em US$ 200 bilhões.
Com Caio Moretto, Juliana Schincariol e Lilian Sobral