16/04/2010 - 6:00
Ouça um resumo da reportagem sobre os relógios que fazem sucesso atualmente
Marcar a hora é apenas um detalhe. Os relógios que fazem sucesso atualmente, nos punhos mais descolados, marcam mesmo é um estilo. E haja estilo para sustentar um acessório grande e supercolorido, que não se esconde facilmente sob a manga de uma camisa e não combina com o figurino careta demais ? seja ele masculino, seja feminino.
O sucesso retumbante do modelo Full Blooded da Swatch, lançado em 2007, e a nova coleção da Emporio Armani são sinais da febre dos relojões, num mercado que, de tempos em tempos, se reinventa. Juntem-se a isso o retorno do Champion Troca-Pulseiras ? aquele dos anos 80 ? e a entrada, no Brasil, da alemã Stamps, com seus modelos superarrojados.
Mas, afinal, de onde vem essa moda? ?Ela é a continuidade da tendência dos acessórios maximizados, como bolsas, óculos, saltos altos, fivelas de cinto. Tudo veio em versão ?maxi? e agora é a vez dos maxirrelógios?, diz Patricia Gaia, CEO do grupo Armani no Brasil. Em sua mais recente coleção, a Emporio Armani lançou peças feitas de cerâmica e dimensões turbinadas. O modelo masculino e o feminino são praticamente do mesmo tamanho ? prova de que nesse quesito não há guerra dos sexos. Até o preço é o mesmo: R$ 2,8 mil.
Aliás, o primeiro megarrelógio da Swatch ? que deu origem à linha de ?cebolões? Full Blooded ? foi criado em 2006 para o jogador de basquete americano Shaquille O?Neal. Era dourado e trazia o número 21 cravejado de cristais no mostrador. Fez tanto sucesso que entrou em linha. Assim nasceu a coleção ? e o mito. ?Ele ainda é o nosso campeão de vendas?, diz Manoela Whitaker, gerente de marketing da Swatch.
Para se ter uma ideia, quando o relógio chegou ao Brasil, em 2007, foram vendidas oito mil unidades, entre maio e dezembro. O preço: R$ 750. O sucesso foi instantâneo e alguns pontos de venda ? são 60 no País ? chegaram a ter 500 nomes na lista de espera. Em 2009, foram vendidos 21 mil relojões dourados e brilhantes. ?A previsão é de crescer mais 15% este ano.?
O modelo dourado deu origem às versões prateada e preta, ainda em 2007. No ano passado, vieram o vermelho, o azul, o verde, o marrom e, este ano, o branco ? que já é o segundo relógio mais vendido pela Swatch no Brasil. Em setembro, chega ao mercado brasileiro o Full Blooded na cor cobre.
Variedade na vitrine: da esq. para a dir., o lançamento da Emporio Armani, o dourado da Swatch e a novidade da alemã Stamps
?Entre os dez relógios que a Swatch mais vende no Brasil, quatro pertencem a essa linha?, diz Manoela, que afirma que o País está na mira da Swatch. ?Estamos entre os 20 maiores distribuidores do mundo e somos o maior da América Latina. Para 2010, a previsão é crescer 15%?, afirma a executiva.
Quem corre por fora e aproveita a onda é a Champion, marca que pertence ao grupo Magnum, com fábrica em Manaus. Em agosto do ano passado, a empresa investiu R$ 7 milhões na campanha de relançamento do Troca-Pulseiras e a expectativa é de comercializar mais de um milhão de kits, composto de um mostrador e cinco pulseiras coloridas (ao todo, são 57 cores). A ideia é aproveitar o revival dos anos 80 do qual vive a moda das últimas estações.
Outra que está aproveitando a demanda por mega-acessórios é a grife alemã de relógios Stamps, que acaba de entrar no mercado brasileiro. O conceito da marca é parecido com o da Champion: permitir a troca de pulseiras e mostradores e montar peças customizadas. ?São mais de 130 estampas de mostrador em linha?, afirma Márcia Botelho, diretora da marca no Brasil. Os Stamps, com 12 anos de existência e presença em 40 países, têm máquina japonesa e são montados na República Tcheca. A intenção da Ouse Design, distribuidora dos relógios no Brasil, é chegar a 300 pontos de venda. As peças custam entre R$ 170 e R$ 500.
Para a consultora de estilo Titta Aguiar, é preciso cuidado para tentar combinar os relojões com o figurino formal. ?Eles são mais indicados para os momentos de lazer, principalmente os de pulseira de borracha?, afirma ela. Ou seja, tentar harmonizar o acessório com o tailleur ou o terno de todo dia pode resultar numa indigestão fashion.