04/05/2022 - 18:03
Preços em alta no mundo todo, e ainda com mais vigor no Brasil, não se explicam apenas pela disparada das cotações das commodities, pela pandemia e pela guerra. A alta do frete marítimo tem sido um grande vilão. Diante da forte disparada do e-commerce, que movimentou mais de R$ 2 trilhões em cargas, o frete nunca custou tanto. É a lei da oferta e da demanda. Com um detalhe: o petróleo está mais caro no mundo.
Desde o início da pandemia, o preço médio do serviço de transporte disparou 472%, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). A entidade avalia que a persistência dos gargalos na logística global pode sinalizar um “novo normal” de custos maiores. Nos últimos 12 meses, o custo subiu 83%, sem sinal de arrefecimento. Pelos cálculos do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o final do ano a elevação pode superar 20%, dependendo do produto a ser transportado.
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Mas tudo isso não é bom nem para o consumidor e nem para os operadores logísticos. As empresas estão sufocadas, operando no limite, para conseguir se adaptar às demandas e garantir o cumprimento dos contratos. A indústria da logística também ajudou a gerar empregos, que não foram simples de ser encontrados.
Além disso, houve uma corrida pelos serviços de transportes, pressionando a capacidade de portos, armazéns, navios e contêineres. O desequilíbrio entre demanda e oferta fez os preços explodirem. O custo de frete da Ásia para o Brasil é hoje 5,7 vezes superior ao de janeiro de 2020.
E desde o início de 2021, os combustíveis, principalmente o diesel, pressionam os transportes de cargas. A guerra na Ucrânia e a volta da pandemia na China ajudaram a piorar a situação. As novas medidas de isolamento social na China, causadas por um aumento de casos de Covid-19 no país nas últimas semanas, causa forte impacto na economia brasileira. Xangai, a cidade chinesa onde fica localizado o maior porto do mundo e onde vivem mais de 25 milhões de pessoas, está em lockdown rígido há pelo menos três semanas.
Até o final deste ano, a cadeia global de suprimentos e de logística deve continuar bagunçada com tendência de alta. Qualquer solução viável para a inflação global passa pelo reequilíbrio do fluxo logístico.