O Grupo Carrefour se despediu Abilio Diniz, um dos maiores importantes executivos da trajetória da empresa no País, durante mudanças estruturais relevantes e que buscam retomar uma trajetória sustentável de seus resultados. Diniz, de visão ímpar do segmento de varejo, entrou no Carrefour em 2014 e, nesses dez anos, acompanhou à chegada da varejista à bolsa e sua consolidação no mercado nacional brasileiro.

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Em 2015, pouco mais de um ano após sua chegada, o Carrefour Brasil se tornou o primeiro varejista de alimentos presente em todos os estados do Brasil, a partir de uma sequência de abertura de lojas. Em 2017, a companhia levou suas ações à bolsa. Neste mesmo ano, houve a criação do Carrefour Express, um modelo de lojas menores em bairros residenciais da cidade de São Paulo.

O desejo de se unir ao Carrefour era antigo, ainda quando estava à frente do Grupo Pão de Açúcar, marca fundada por seu pai.

“Era já um desejo antigo nosso fazer algo com eles. Para mim, o fato de estar na sede global (do Carrefour) me dá uma visão de mundo muito maior”, disse o empresário em sua última entrevista concedida ao Estadão.

“Se hoje o Grupo Carrefour Brasil é o maior varejista alimentar do país, isso se deve em grande parte à atuação do Sr. Abílio Diniz”, disse em nota de pesar a varejista. Abilio Diniz faleceu no domingo, 18, aos 87 anos, e até então ocupava a vice-presidência do Conselho de Administração e a presidência do Comitê de Talentos, Cultura e Integração da varejista. Os cargos permanecerão vazios momentaneamente até deliberação do Conselho de Administração, informou em nota o Carrefour Brasil.

A empresa de participações da família Diniz, a Península, detém pouco mais de 7% das ações do Carrefour Brasil.

O presidente do Grupo Carrefour Brasil, Stephane Maquaire, amigo pessoal de Abilio, enfatizou que pessoas como ele não morrem e que o empresário foi um guia que trouxe importantes contribuições para sua missão à frente do negócio.

Reestruturação operacional do Carrefour

Atualmente, o Carrefour está em busca de um maior equilíbrio financeiro. Desde a aquisição da rede BIG em 2022, o Carrefour tem vivido o desafio da conversão dessas lojas em Atacadão, o que vem limitando seu resultado. Embora as conversões tenham sido concluídas no primeiro semestre do ano passado, o desempenho operacional do Atacadão ainda é considerado lento.

Por outro lado, a varejista tem feito esforços de corte de custos e adotou uma estratégia para otimizar seus ativos imobiliários. Conforme apurou a Istoé Dinheiro, o grupo vai dar andamento a um plano anunciado em 2022 de venda de suas lojas. A companhia já fechou 123 lojas, em número que pode entre 200 a 300 – nos quais permanecerá como inquilina no imóvel.

O Carrefour também está atraindo parceiros para explorar o potencial de desenvolvimento imobiliário dos seus terrenos, além de assegurar maior liquidez aos negócios. Este mês, acertou a venda de dois terrenos para a incorporadora Riva, do grupo Direcional, erguer prédios residenciais ao lado de seus supermercados em São Paulo e no Rio de Janeiro – em áreas que hoje são usadas como estacionamentos.

No texto emitido ao mercado, o Carrefour observa que o fim da operação das lojas deve adicionar aproximadamente R$ 200 milhões de Ebitda por ano, uma vez que os espaços estão representando déficit operacional.

“Adicionalmente, esperamos vender os imóveis de 40 dessas 123 lojas fechadas, captando caixa adicional que deverá compensar o impacto negativo das iniciativas de desmobilização no caixa”, complementou a companhia durante a divulgação de balanço da varejista.