Associações portuárias estão preocupadas com a possível troca no Ministério dos Portos e Aeroportos e começam a se posicionar contra a saída do ministro Márcio França. O temor é de que uma eventual mudança para acomodar o Centrão acarrete em falta de previsibilidade e atrase em meses discussões já pacificadas, como a prorrogação do Reporto, regime tributário que desonera investimentos no setor.

A movimentação das entidades começou nesta quinta-feira, 20, um dia após reunião do ministro com representantes de associações. Na ocasião, França foi questionado pela categoria sobre sua possível saída, que respondeu que, assim como eles, só soube da suposta troca pela imprensa.

A mudança começou a ser considerada nos bastidores diante da previsão de que o governo deve realizar reforma ministerial no próximo mês em busca de ampliação da base no Congresso. Há entre as possibilidades levantadas a ida de Márcio França para outro ministério.

Para o presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), Sérgio Aquino, embora a categoria ainda esteja encarando as informações como rumores, o momento é de “mostrar ao governo o que o setor pensa”. Para ele, uma mudança já no primeiro ano da gestão petista seria um sinal negativo sobre a falta de previsibilidade para os próximos anos.

“Toda mudança de governo é tensa, mas entendemos que a última ocorreu de forma positiva. França nomeou profissionais reconhecidos pelo mercado e assim não tivemos solavancos. O setor não tem posição contrária a nomes, mas temos posição favorável à estabilidade”, explica Aquino.

Uma preocupação concreta dos representantes é de que a troca no ministério demande novas levas de diálogos em decisões técnicas já encaminhadas. O diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Silva, diz que a saída seria prematura e negativa para a categoria.

“Esperamos que a saída siga sendo apenas rumores. A sinalização que o ministro tem dado para o setor é extremamente positiva, com abertura ao diálogo e andamento em questões fundamentais, dando fluxo a programas e deburocratizações”, defende Jesualdo Silva.