10/10/2018 - 17:16
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), defendeu nesta quarta-feira, 10, que é preciso eleger o próximo presidente da República antes que o Congresso volte a discutir matérias como a reforma da Previdência ou questões de orçamento. Para Eunício, “não é adequado” discutir esses assuntos agora, mas somente após o dia 28 de outubro, data marcada para o segundo turno das eleições presidenciais.
“Acho que as reformas de maior profundidade têm que ser feitas pelo próximo presidente, ele é quem vai governar o País por quatro anos. Fazer reformas agora não sei nem se será adequado. É preciso ter um pouco de calma, aguardar o dia 28 (de outubro). Aí vamos saber quem será o presidente e no dia seguinte a gente começa a discutir reformas, matérias, orçamento”, disse.
Eunício já havia dito, na segunda-feira, 8, ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que “muito dificilmente” a Casa irá votar, por exemplo, nesta semana o PLC 77/2018, que destrava o processo de privatização das distribuidoras da Eletrobras. Antes do primeiro turno das eleições, o vice-líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), defendia que a matéria fosse votada no primeiro esforço concentrado do Senado após o primeiro turno das eleições, ou seja, a partir de terça-feira, 9.
A aprovação desse projeto de lei que resolve pendências da distribuidora Amazonas Energia, da Eletrobras, e é fundamental para que seja possível privatizá-la até o fim deste ano. Mas a derrota nas urnas de alguns dos principais líderes do MDB pode atrapalhar os planos do governo do presidente Michel Temer. Eunício Oliveira, inclusive, não foi reeleito e só ficará no cargo até o fim de janeiro de 2019. No início da semana, ele divulgou um comunicado no qual anuncia que irá “recolher-se à vida pessoal”.
No mesmo dia, o presidente do Senado disse à reportagem que não irá pautar a reforma da Previdência “de ofício”, algo esperado pelo mercado e desejado pela equipe econômica do governo. No domingo, Eunício Oliveira já havia adiantado que não concorda com a apreciação da pauta sem o aval do novo presidente da República.
“Reforma da Previdência não é para tirar direitos de pobres, não é para tirar o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Não posso aceitar que o mercado dirija os rumos da nação. Não conheço esse mercado, não recebi votos dele”, criticou. “Eu acho que a reforma deve ficar para o próximo presidente e esse presidente (eleito) tem de botar a cara, dizer o que ele quer e para que ele veio.”