A cinco minutos da movimentada avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos principais centros financeiros da capital paulista, uma mansão branca de 1,2 mil m² e arquitetura contemporânea, localizada no coração do bairro Alto de Pinheiros, esconde um verdadeiro oásis urbano. Ali funciona desde o ano passado o Aigai Spa um refúgio com piscinas, banheiras, salas de banho e um cardápio de serviços que inclui massagens, terapias e rituais de relaxamento, como o método árabe Hammam, também conhecido como banho turco, famoso por promover a limpeza profunda da pele utilizando ar quente e úmido.

Há também mimos exclusivos, como duchas de massagem da tradicional marca alemã Dornbracht, considerada a Ferrari desse segmento. “Ninguém mais precisa viajar para conhecer o que há de melhor em descanso e bem-estar”, diz a empresária Fernanda Pinazo, proprietária do Aigai Spa. “Nossa proposta é oferecer um lugar que inspire os visitantes a recuperar o equilíbrio físico e emocional, além de se reconectar com sua própria essência”, acrescenta Janine Capua, a gerente de operações do estabelecimento. De uns tempos para cá, o surgimento de negócios como o Aigai Spa tem sido cada vez mais comum nas metrópoles, com opções para todos os bolsos.

Os pacotes variam, em média, de R$ 100, por 40 minutos, a R$ 2,8 mil, por uma diária. Embora o setor de spas ainda não possua estatísticas consolidadas, a Associação Brasileira de Clínicas e Spas estima que, em 2014, esse setor movimentou R$ 445 milhões – graças a um ritmo de crescimento de 10% ao ano, há quase uma década. O incremento na demanda verificada nos spas urbanos é sustentado pelo estilo de vida nas grandes cidades, onde o estresse é alto e o tempo é curto. Por isso, lugares aconchegantes que, em poucas horas, oferecem um antídoto ao ritmo frenético dos centros urbanos têm adquirido cada vez mais adeptos.

Não se deve esquecer também da forte vocação do brasileiro em gastar com produtos e serviços que ajudam a melhorar o bem-estar e a aparência. As empresas que atuam nessa área surfam num mercado que, em 2013, movimentou R$ 91 bilhões – 90% mais que em 2008 –, segundo a consultoria britânica Euromonitor. O caso do brasiliense Nuwa Spa, que oferece serviços de acupuntura, hidroterapia, geoterapia (tratamento que expele toxinas que se acumulam na pele usando variados tipos de argila) e cromoterapia (uso das diferentes vibrações das cores para uso terapêutico), reflete à perfeição o surto de crescimento pelo qual passaram os negócios de bem-estar e beleza no País nos últimos anos.

Desde 2009, a empresa cresceu 60% em faturamento. Neste ano, a despeito da conjuntura econômica complicada, a meta é aumentar as receitas em 15% e chegar aos R$ 2,3 milhões. “O Nuwa Spa está localizado ao lado do Palácio da Alvorada, no coração de Brasília”, diz Estela Boner, sócia do estabelecimento. “Temos clientes importantes, que muitas vezes não têm tempo de viajar para o interior para experimentar um spa.” De acordo com Estela, cerca de 80% das vendas do Nuwa Spa são provenientes de serviços com, no máximo, duas horas de duração. A rotina dos chamados sem-tempo remodelou o conceito de spa no mundo inteiro.

Hoje em dia, como afirma Esteban Bowles, diretor da consultoria americana A.T. Kearney, os moradores das grandes cidades não estão mais dispostos a viajar para fugir do estresse. Eles almejam o conforto a poucos quilômetros do escritório ou residência. O consultor destaca, ainda, que os brasileiros estão cada vez mais céticos em relação a dietas heterodoxas ou bizarras, com duração de três ou quatro dias. Esses regimes, que no passado funcionavam como chamariz dos spas pioneiros, localizados fora das capitais, estão cada vez mais fora de moda.

Essa mudança comportamental ofereceu novos moldes para os centros de bem-estar atuais, cada vez mais presentes em cidades, com práticas menos radicais e que aliam outros serviços à proposta inicial do negócio, como aulas de ioga, meditação e pilates. “Com mais dinheiro e menos tempo, as mulheres, principalmente, exigem cada vez mais praticidade e variedade dos lugares que frequentam”, diz Priscilla. O Espaço Nirvana, instalado no Jóquei Club da Gávea, no coração da zona sul do Rio de Janeiro, tem em seu DNA a diversificação de serviços complementares no mundo dos spas.

Além de oferecer massagens, como a ayurvédica (especial para facilitar a circulação do sangue) e a de relaxamento, a empresa também disponibiliza aulas diárias de ioga e aparelhos para fazer exercícios cardiovasculares, como esteiras e bicicletas. “Isso faz com que meus clientes passem mais tempo no spa e, por consequência, gastem mais”, diz Rosy de Sousa, proprietária da companhia, que alcançou receitas próximas aos R$ 5 milhões, no ano passado – e espera crescer mais 15% em 2015.

O Espaço Nirvana também possui um bistrô próprio, com um cardápio de refeições saudáveis e variadas, segundo o dia da semana. Na segunda-feira, o prato principal é crepe sem glúten. Na terça, é feijoada vegetariana. Na quarta, a opção é hambúrguer de berinjela, e assim por diante. Para garantir o crescimento das receitas no ano que vem, o spa carioca está buscando parcerias com hotéis e empresas locais, para oferecer seus serviços a turistas e a executivos. “O Espaço Nirvana é um oásis no meio da confusão e do trânsito do Rio de Janeiro”, diz Rosy.