A grandiosa cerimônia de coroação do rei da Tailândia, prevista para o fim de semana, buscará encarnar a unidade de um reino dividido, que ainda espera o resultado das eleições legislativas de março.

Em parte ofuscada pela abdicação do imperador do Japão, a coroação do rei Maha Vajiralongkorn domina o noticiário em um país onde qualquer brincadeira sobre a coroa pode resultar em uma pena de prisão.

A Casa Real anunciou inesperadamente na quarta-feira o casamento do monarca com Suthida Vajiralongkorn na Ayudhya, que passa desta maneira a ser rainha.

A cerimônia aconteceu no Palácio Real de Dusit, em Bangcoc.

Suthida, uma ex-aeromoça, se casou com um vestido tradicional tailandês de seda rosa.

Sua primeira aparição pública aconteceu na quinta-feira.

Maha Vajiralongkorn já havia se casado e divorciado três vezes. Em 2016 promoveu à patente de general sua mulher, que aparecia frequentemente em cerimônias oficiais a seu lado.

– Cerimônia ancestral –

A coroação acontecerá no sábado. No domingo será organizado um grande desfile com militares em uniformes tradicionais, durante o qual o monarca será transportado em uma liteira dourada, carregada nos ombros por soldados.

Na segunda-feira o novo rei aparecerá em uma das varandas do Grande Palácio de Bangcoc. Também receberá diplomatas estrangeiros em audiência.

A cerimônia ancestral de três dias é inédita no país em quase sete décadas. A última vez ocorreu em 1950, com a coroação do rei Bhumibol Adulyadej.

A morte do monarca em 2016 conduziu seu filho, Maha Vajiralongkorn, ao trono, mas a coroação em si demorou quase três anos, em um país onde o calendário real segue um ritmo próprio.

Esta é uma oportunidade para que o monarca, conhecido com o nome de Rama X, último descendente da dinastia Chakri, se apresente como a garantia de unidade do reino, que registrou nada menos que 12 golpes de Estado desde 1932.

Os tailandeses se preparam para o evento especial há várias semanas.

– Protetor –

Retratos gigantescos dos rei foram instalados nas ruas da capital.

“As imagens do rei são um pilar espiritual para os tailandeses. É como se estivesse ao nosso lado o tempo, para nos proteger”, disse Chanan Wangthamrongwit, vendedor de fotos do monarca.

De modo geral, os tailandeses passam toda a vida diante de um retrato do soberano, diante do qual devem se ajoelhar. O falecido Bhumibol Adulyadej implementou um eficiente culto à personalidade e sua foto está presente em todas as casas do país.

A popularidade de seu filho, no entanto, é difícil de avaliar, já que a discussão pública de temas sobre a realeza continua um tabu no país.

Nos três anos desde a morte de seu pai, Maha Vajiralongkorn demonstrou grande habilidade tática e – assim como o pai – desempenha um papel influente além da condição de monarca constitucional.

Nas recentes eleições legislativas, o rei atuou diretamente em duas ocasiões.

Primeiro ele impediu o desejo de sua irmã de ser candidata ao cargo de primeira-ministra por um partido de oposição e depois enviou uma mensagem de apoio aos militares.

Os generais protagonizaram um golpe de Estado em 2014 alegando que atuavam em defesa da monarquia. A ideia foi defendida pelo partido de apoio à Junta Militar nas eleições de 24 de março.

Desesperada pela ausência de resultados definitivos, a oposição tailandesa formou uma coalizão anti-Junta.

A oposição reivindica a vitória nas legislativas, mas os generais, fortalecidos pelo apoio recebido do palácio real, não mostram sinais de que estão dispostos a ceder o poder.

No domingo, o comandante da junta, general Prayut Chan-O-Cha, e o comandante do exército, general Apirat Kongsompong, marcharão diante da liteira real, em uma mensagem simbólica ao país.

Os militares destinaram mais de 26 milhões de euros para a cerimônia.

Os organizadores esperam a participação de 200.000 pessoas na cerimônia e na procissão, mas nenhum líder estrangeiro foi convidado, de acordo com a “tradição”, informou a chancelaria.