29/12/2022 - 16:09
O futebol está de luto. Morreu nesta quinta-feira, 29, o rei do futebol Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, aos 82 anos, em São Paulo (SP). O mineiro, nascido em Três Corações, deixou a esposa, Márcia Aoki, com quem estava casado desde 2016. O tri campeão mundial pela Seleção Brasileira lutava contra um tumor de cólon. Em dezembro de 2021, ele foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para seguir com o tratamento e já havia passado por uma cirurgia e quimioterapia.
+ O Rei do Futebol Pelé, primeiro e único
O anúncio foi feito por sua filha, Kely Nascimento, que estava ao lado do pai nas últimas semanas. Logo depois, o perfil oficial do Rei confirmou o ocorrido:
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Considerado o maior jogador de todos os tempos, Pelé foi eleito Jogador do Século, em 2000, pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS). No mesmo ano, também foi consagrado Atleta do Século pelo Comitê Olímpico Internacional. De acordo com dados da IFFHS, Pelé é o segundo maior goleador da história do futebol, marcando 765 gols em 812 partidas, com um total de 1283 gols em 1363 jogos.
O craque ficou famoso não apenas pelo seu talento em campo, mas também pela vida amorosa agitada. O ex-jogador foi casado três vezes e tem sete filhos conhecidos, incluindo a vereadora Sandra Regina, morta em 2006, em decorrência de um câncer de mama. Ela foi reconhecida pelos tribunais, em 1996, como filha do Rei com a empregada doméstica Anízia Machado e, por isso, ganhou o direito de usar o sobrenome Arantes do Nascimento. Porém, mesmo com exame de DNA, o craque recusou-se a aceitar Sandra em sua vida. Além dela, Pelé teve também Kelly, Edinho e Jennifer, de seu primeiro casamento com Rosemeri dos Reis Cholbi, e os gêmeos Joshua e Celeste, do segundo matrimônio, dessa vez com Assiria Lemos Seixas.
O documentário da Netflix, “Pelé”, de 2021, revela mais detalhes da vida íntima do Rei. Em um dos trechos, ele admite que teve casos com muitas mulheres e, por isso, não sabia quantos filhos poderia haver fora de seus casamentos oficiais. “Com toda a franqueza, tive alguns ‘casos’, alguns dos quais terminaram em crianças, mas só os descobri mais tarde”, admitiu ele.
Um dos relacionamentos mais famosos do ex-jogador foi com a apresentadora Xuxa Meneghel, que teria provocado o fim do primeiro matrimônio do craque. Na época, ela tinha apenas 17 anos, e a relação foi conturbada. Em entrevista, Xuxa chegou a comentar: “Ele disse que era uma relação aberta, mas aberta apenas para ele”.
O atleta teve uma origem humilde. Filho de João Ramos do Nascimento, também ex-jogador de futebol, conhecido como Dondinho, e Celeste Arantes do Nascimento,Pelé trabalhou como engraxate e vendedor de amendoim. Começou cedo no futebol. Aos 11 anos, jogava no time de rua e, com 13, já batia bola com adultos no Ameriquinha, formado por operários de uma fábrica de botas, onde Pelé era aprendiz.
Foi o grande astro do Santos Futebol Clube, que deu a ele seu primeiro contrato de jogador profissional. No ano seguinte, já era jogador da seleção brasileira de adultos. Até hoje, é lembrado com carinho pelos fãs por sua atuação impecável no Santos, ajudando a firmar o time como um dos grandes.
Com sucesso em campo, o Rei do Futebol também tornou-se o Rei da Copa, conquistando três títulos mundiais: em 1958, 1962 e 1970.
Em seu Instagram, Pelé relembrou uma frase que se tornou marcante na história das Copas do Mundo. Na final contra a Itália, o jogador italiano Tarcisio Burgnich teria dito: “Eu falei pra mim mesmo, antes do jogo, ‘ele [Pelé] é feito de pele e ossos, que nem todo mundo. Mas eu estava errado”. A atuação brilhante do Rei encheu os olhos do mundo e trouxe a taça para o Brasil, levando o craque também a jogar em times internacionais, como o Cosmos, em Nova Iorque, pelo qual foi campeão.
Uma vida marcada por polêmicas
Pelé sempre bateu bola de maneira inquestionável. Mas, fora de campo, tornou-se conhecido por envolver-se em polêmicas, como quando afirmou, nos anos 1970, em plena Ditadura Militar, que “o brasileiro não sabe votar”.
Em 2013, outra frase infeliz virou notícia. Na época da Copa das Confederações, Pelé minimizou as diversas manifestações políticas que estavam ocorrendo no país e disse a frase que pegou mal e repercutiu por muito tempo. “Vamos esquecer toda essa confusão que está acontecendo no Brasil e vamos pensar que a seleção brasileira é o nosso país, é o nosso sangue. Não vamos vaiar a seleção. Vamos apoiar até o final”.
Além disso, em 2005 o Rei do Futebol teve um entrevero com o ex-atacante Romário. A troca de farpas entre os dois foram muitas. Em uma delas, Pelé afirmou que o baixinho deveria se aposentar, ao que o atleta respondeu: “O Pelé calado é um poeta”.
O dia em que a guerra parou… Por causa de Pelé
Muito se diz sobre o chamado “poder do futebol”, de abrandar conflitos e até guerras. Em 1969, o Santos de Pelé foi convidado para ir à África jogar na República Democrática do Congo (na época, chamado de Congo-Kinshasa), no Congo (chamado de Congo-Brazzaville) e na Nigéria (chamada de Biafra).
Como relata reportagem da ESPN, naquele momento havia toda uma comoção mundial contra a repressão violenta do governo nigeriano sobre os biafrenses. A ONU e diversos artistas, como os cantores Joan Baez, Jimi Hendrix e John Lennon, já haviam tentado conter o conflito, mas nada adiantava.
Porém, quando o time brasileiro estava em território nigeriano, o amistoso do Santos conseguiu um feito que até hoje é lembrado pelos torcedores: obteve uma trégua na guerra civil, que já durava anos, durante a partida. Depois do time sair da África e voltar para casa, o conflito recomeçou. Mas, nos momentos em que a bola rolava, os rivais deixaram, temporariamente, as desavenças de lado para ver o Rei e seus colegas brilharem em campo.