Se há um lugar no mundo onde o olfato apurado é hereditário, este local chama-se Grasse. A cidade francesa, capital do perfume desde o século 18, está para as fragrâncias como Detroit, nos Estados Unidos, está para os carros. Enquanto a cidade americana cheira gasolina, Grasse exala finíssimo aroma. ?É uma cidade com cheiros fortes?, diz Jean Marc Chaillan, o criador do Crave for Men, da Calvin Klein. ?As pessoas crescem em meio a essas sensações olfativas?, diz Chaillan. Filho do famoso Raymond Chaillan, o homem que desenvolveu em Grasse o clássico Anais & Anais, Jean Marc passou grande parte da vida respirando essências da Provença.

Hoje ele é considerado uma das maiores autoridades no assunto. Ao lado dele, no mesmo patamar, está o marroquino Carlos Benaim. Com um currículo invejável, levam a sua assinatura as fragrâncias Carolina Herrera, Eternity for Men e Polo Blue, o mais vendido do mundo. Na semana passada, os dois estiveram no Brasil para o lançamento da revista Visionaire, inspirada no mundo dos aromas. Jean Marc e Benaim fazem parte da elite da maior empresa de criação de perfumes, a International Flavors and Fragrances (IFF).

 

Desenvolver fragrâncias é uma arte extremamente seleta, para gente de nariz especial. Estima-se que existam apenas 1 mil profissionais em todo o mundo ? eles chegam a receber até US$ 500 mil anuais. ?O mais difícil neste trabalho é saber concretizar as idéias e transformá-las em perfume?, diz Benaim, que acaba de criar o Arbo, produto feminino da Boticário. Para chegar no produto final, os mestres do olfato levam cerca de um ano e produzem mais de 1 mil provas. ?É fundamental conhecer a cultura do lugar onde o perfume será vendido antes de colocá-lo no mercado?, diz Benaim. Em regiões mais quentes, por exemplo, as fragrâncias devem ser mais frescas e permanecer na pele por mais tempo. Motivo: evapora mais rápido.