Em seu primeiro interrogatório em um processo da Operação Lava Jato do Rio, o empresário Jacob Barata Filho, que controla grande parte das linhas de ônibus do Rio, disse na sexta-feira, 24, que companhias que integram a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) repassaram dinheiro de caixa 2 a políticos do Estado.

Em depoimento na 7.ª Vara Federal Criminal, ao juiz federal Marcelo Bretas, Barata afirmou que essa “caixinha” chegou a movimentar até R$ 6 milhões por mês. Ele citou como beneficiários dos repasses deputados da Assembleia Legislativa (Alerj), como Jorge Picciani e Paulo Melo, quando os emedebistas presidiram a Casa.

Segundo Barata, conhecido como “rei dos ônibus” no Rio, o objetivo do pagamento da “caixinha” era favorecer a Fetranspor com a votação de projetos e, ao mesmo tempo, evitar que propostas que pudessem prejudicar a entidade fossem aprovadas.

O empresário relatou que o pagamento a agentes públicos começou com recursos para campanhas e, depois, evoluiu para “outras contribuições”. “Não posso detalhar essas contribuições porque não era eu que fazia esse trato com agentes públicos”, disse.

A assessoria de Picciani disse que “o depoimento levanta apenas conjecturas, uma vez que ele não informou que tipo de ajuda o deputado teria dado a ele e ao setor”. A defesa de Melo não se manifestou.

Filho

Também na sexta, Bretas mandou soltar Felipe Picciani, filho de Jorge Picciani. Felipe foi preso em novembro do ano passado, na Operação Cadeia Velha, sob suspeita de participar de negócios ilícitos do pai.

Bretas considerou que não foram apresentados fatos que justificassem a prisão, e que não foram encontrados, até agora, elementos da participação de Felipe na organização criminosa investigada. O filho de Picciani depôs ao juiz na sexta, e negou todas as acusações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.