ALBERTO SALLES NÃO É DIPLOMATA, nunca pensou em entrar para a política e nem atuou como lobista. Mesmo assim, é um dos maiores propagandistas de Cuba. ?Já estive em Havana em várias ocasiões?, explica. ?Minha equipe já levou muitas pessoas para conhecer a cidade.? Engana- se quem pensa que ele trabalha com turismo. Este carioca de 59 anos é, na verdade, o importador oficial de lendários charutos cubanos, como o Cohiba, Partagas, Montecristo e Romeo y Julieta. À frente da Emporium Cigars, empresa que representa no Brasil a Habanos S.A., estatal que comanda a produção dos charutos em Cuba, Salles tem assistido a uma espécie de ?espetáculo do crescimento?. Em 2007, com apenas um ano de operação, sua empresa vendeu 800 mil unidades e, de acordo com estimativas de mercado, faturou R$ 12 milhões. Qual foi a ?mágica?? Salles entrou em um mercado que estava desregulado, sem um importador oficial e, praticamente, atendeu uma demanda reprimida. ?Durante quase dois anos, esse setor era a terra de Malboro?, ironiza César Adames, consultor da área de charutos. ?A Emporium Cigars arrumou o mercado, mas agora tem de incentivar a popularização do consumo de charuto.? Eis o grande desafio.

Para isso, a empresa preparou um ambicioso plano de expansão. ?Estamos desenvolvendo as franquias da Casas del Habano?, diz Salles, referindo-se à rede de lojas de charuto com 156 pontos ao redor do mundo. São espaços oficiais da Habanos S.A. onde são vendidos as principais marcas de Cuba. ?Até o fim do ano, teremos quatro pontos, um no Rio de Janeiro e os outros três em São Paulo. Em 2009, já contaremos com oito lojas?, diz Salles. Além disso, a Emporium Cigars separou 20% de seu faturamento para participar de feiras do setor e criar ações como o dia do charuto. Nesses eventos, batizados de Habanos Day, haverá degustações de charuto, palestras e também dicas de harmonização enogastronômicas. ?O charuto tem de surfar na onda da gastronomia?, diz Adames. Mas não é só isso. ?A Emporium Cigars traz produtos que são vendidos por R$ 15 a unidade?, diz Adames. ?Por que, então, não vender em padarias e bancas selecionadas??, indaga. ?Porque esses pontos não acondicionariam os charutos na umidade e temperatura corretas?, responde Salles. ?Isso acabaria com o produto e afetaria a imagem dos habanos.? Essa, aliás, é uma questão que preocupa.

Dados de mercado apontam que o tamanho do mercado de charutos premium no Brasil é de dois milhões de unidades ? 1,2 milhão produzido no País e o restante trazido de Cuba. Acontece, contudo, que os números são bem maiores. ?Para cada charuto trazido legalmente, existe um vendido no mercado negro, seja falsificado, seja contrabandeado?, diz Salles. E não é tão difícil identificá-los. ?O cliente deve comparar os preços praticados?, diz Rodrigo Gargo, sommelier de charutos da Tabacaria Lenat. Para não comprar gato por lebre, também é necessário estar atento a alguns detalhes. As caixas devem ostentar os selos da Habanos, de Cuba e da Emporium Cigars. Os charutos também têm de apresentar a mesma coloração, as anilhas com a marca alinhadas e o tamanho das bitolas uniformes. Mas o que ajuda a identificar um bom charuto é o gosto. Para os acostumados com os legítimos habanos, não há igual.