O rei emérito espanhol Juan Carlos I, que deixou o país em exílio há duas semanas devido a um escândalo de corrupção, está nos Emirados Árabes Unidos, anunciou nesta segunda-feira a Casa Real, acabando com as dúvidas sobre o paradeiro do ex-chefe de Estado.

“No dia 3 agosto viajou para os Emirados Árabes Unidos e permanece lá”, afirmou à AFP um porta-voz da Casa Real sobre o rei emérito de 82 anos.

Até o momento, a monarquia espanhola se recusava a informar o paradeiro de Juan Carlos, depois que a saída do rei emérito provocou polêmica no país. A imprensa especulou que ele estaria em Portugal, República Dominicana ou Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos.

Em uma carta publicada pela Casa Real em 3 de agosto, o ex-monarca informou que abandonava a Espanha para “contribuir a facilitar o exercício das funções” de seu filho, o rei Felipe VI, no momento em que várias informações são reveladas sobre sua fortuna em contas secretas na Suíça.

As contas estão sendo investigadas pela justiça, tanto da Suíça como da Espanha. Até o momento, no entanto, o rei emérito não é objeto de nenhum processo e seu advogado afirmou que ele ficará à disposição da justiça se for convocado.

O jornal ABC, próximo à monarquia, já havia mencionado a presença de Juan Carlos em Abu Dhabi, para onde teria viajado em um jato particular. De acordo com a publicação, ele estaria hospedado no hotel Emirates Palace, um complexo luxuoso à prova de paparazzi, onde teria a segurança fornecida por seu “amigo” Mohamed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi.

O rei emérito mantém boas relações com as monarquias do Golfo e é justamente uma transferência de 100 milhões de dólares que, segundo revelou um jornal suíço, teria sido feita pelo rei Abdullah da Arábia Saudita em 2008 para uma conta na Suíça o que está no centro do escândalo que afeta Juan Carlos.

Em gravações divulgadas pela imprensa espanhola em 2018, Corinna Larsen, ex-amante de Juan Carlos, afirmou que o rei emérito recebeu uma grande comissão após a concessão a empresas espanholas de um contrato para a construção de um trem de alta velocidade na Arábia Saudita em 2011.

Uma pesquisa publicada no domingo pelo jornal ABC, que entrevistou 800 pessoas, mostra que 56,2% dos espanhóis consideram equivocada a saída de Juan Carlos da Espanha, enquanto 25,4% consideram a medida acertada e 11,9% se declaram indiferentes.