BRASÍLIA (Reuters) – Depois do ataque às urnas eletrônicas feito pelo presidente Jair Bolsonaro em encontro com embaixadores, a embaixada do Reino Unido reafirmou, nesta quinta-feira, a confiança no sistema eleitoral brasileiro, inclusive nas urnas, “conhecidas por sua celeridade e eficiência”.

A embaixada britânica se junta à norte-americana para defender a confiança na democracia do país e no resultado das eleições, três dias depois do evento realizado no Palácio da Alvorada.

Em nota, o Reino Unido destacou, ainda, que irá trabalhar com quem for eleito.

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“Reafirmamos nossa confiança no bom funcionamento do processo democrático do Brasil e esperamos que todo o país esteja comprometido com o respeito à democracia por meio de eleições livres e justas”, diz o texto. “Quem for escolhido pela nação brasileira poderá contar com o governo britânico para fortalecer as relações bilaterais e a amizade entre os dois povos.”

Na segunda-feira, Bolsonaro recebeu, no Alvorada, algumas dezenas de embaixadores para fazer mais um ataque ao processo eleitoral. O presidente viu a reunião como uma “resposta” ao encontro do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, em que foi apresentado a diplomatas estrangeiros o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro.

No encontro de segunda, Bolsonaro requentou acusações infundadas de indícios de fraude, fez falsas alegações sobre os resultados das eleições em 2014 e 2018 –quando ele mesmo foi eleito– e ofendeu e atacou ministros do Supremo Tribunal Federal e do TSE.

O resultado do evento, transmitido pela TV Brasil, pública, pode ser enquadrado, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters como crime de abuso de concessão pública, um crime eleitoral passível de cassação da chapa.

Desde então, diversas autoridades e entidades reagiram em defesa das urnas eletrônicas, inclusive associações de procuradores, do Judiciário, de policiais federais, agentes da Abin, diplomatas, entre outros. Procuradores dos direitos do cidadão entraram com uma representação da própria PGR pedindo que Bolsonaro seja investigado, enquanto os subprocuradores da República afirmaram, em nota, que o presidente pode ter cometido crime de responsabilidade.