Artistas de peso pressionam por medida para proteger fãs de cambistas que inflam os preços de shows. Medida foi promessa de campanha do atual governo trabalhista na eleição de 2024.Pressionado pela classe artística, o governo do Reino Unido deve finalmente banir a revenda de ingressos acima do preço original para eventos ao vivo, informaram nesta segunda-feira (17/11) os jornais The Guardian e Financial Times.

Se confirmada, a medida representará um golpe para plataformas de revenda de ingressos, como a Viagogo e a StubHub, e porá fim a um modelo de negócio lucrativo para cambistas, que são rápidos em esgotar as entradas para eventos disputados entre os fãs.

Segundo o Guardian, o governo britânico havia avaliado no início do ano permitir a revenda por até 130% do preço original, mas agora estaria disposto a proibir a revenda de ingressos com qualquer margem de lucro, permitindo apenas a cobrança de uma taxa administrativa pelas plataformas de revenda.

O projeto de lei em elaboração pelo governo atingiria ainda plataformas de redes sociais, para evitar a revenda desregulada e potencialmente fraudulenta de ingressos também nesses ambientes – seja por cambistas profissionais ou por pessoas comuns.

Promessa de campanha

A decisão veio dias após artistas de peso do mundo da música – entre eles Radiohead, The Cure, Iron Maiden, Dua Lipa e Coldplay – cobrarem em carta aberta o premiê britânico Keir Starmer para que cumprisse sua promessa de campanha de deter cambistas “lesivos”.

“A introdução de um teto [para o preço de revenda] restaurará a confiança no sistema de venda de ingressos, ajudará a democratizar o acesso público às artes – em conformidade com a agenda do governo – e tornará mais fácil para os fãs identificarem comportamentos ilegais, como fraudes na venda de ingressos”, dizia o comunicado.

A regulação da revenda de ingressos foi uma das promessas de campanha feita pelos trabalhistas na campanha que elegeu Starmer, em julho de 2024.

A revenda de entradas de shows a preços muito acima do original tem irritado fãs e artistas.

Num caso citado pela organização britânica de defesa do consumidor Which?, alguns ingressos para o show do Oasis no Estádio Wembley chegaram a ser oferecidos por mais de 4 mil libras (R$ 28 mil).

ra (AFP, ots)