O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC de Portugal, Mário Centeno, defendeu que o momento de relaxar a política monetária da zona do euro está mais próximo do que o previsto. “Não precisamos esperar até maio para tomar uma decisão”, afirmou ele, em entrevista à Econostream Media, feita no dia 5 de janeiro e divulgada nesta terça-feira, 9.

Segundo o dirigente, ainda não é possível dizer quando um corte de juros poderá ocorrer, devido à postura dependente de dados do banco central. “Esperamos uma confirmação no próximo trimestre de que a inflação está a caminho de convergir para a meta de 2% no médio prazo. A ausência dessa confirmação traria novas dificuldades tanto para a política monetária quanto para os cidadãos, dificuldades que esperamos evitar”, disse.

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Centeno também acredita que a decisão de manter os juros no nível atual é apropriada no momento, enquanto o BCE aguarda novos sinais da economia. Contudo, ele critica argumentos de que a trajetória dos salários na zona do euro pode representar um risco para a inflação. Para ele, não há indicações de uma materialização de uma nova rodada de aumentos fortes nos salários ou de pressão adicional sobre os preços, atribuindo os riscos de eventual alta da inflação aos custos unitários de mão de obra.

Na visão dele, a desaceleração da inflação na zona do euro está mais rápida do que a escalada dos preços, o que sugere um aspecto de “fenômeno mais temporário do que muitos acreditavam alguns meses atrás”. Centeno acredita que esta “natureza temporária” não deve deixar marcas na dinâmica dos preços da zona do euro ou levar a uma “inflação sistemicamente elevada” no futuro.

Entretanto, apesar de sua visão otimista, o dirigente alerta que o BCE pode voltar a discutir mais aperto monetário se ocorrerem novos choques ou qualquer distúrbio na evolução dos preços, tomando cuidado para não prejudicar demais a economia ou arriscar persistência da inflação elevada.