01/04/2016 - 17:42
Prefeito Celso Daniel, sequestrado e assassinado em 2002
O caso do prefeito Celson Daniel, de Santo André, que foi sequestrado em 2002 e assassinado voltou à tona nesta sexta-feira, 1, com a nova fase da Operação Lava Jato. De acordo com o juiz Sérgio Moro, é possível que o crime tenha “alguma relação” com um suposto esquema de corrupção que existia na prefeitura da cidade.
A ligação entre a morte do prefeito e as investigações conduzidas por Moro está relacionada ao empresário Ronan Maria Pinto, também de Santo André, e que foi preso nessa nova fase da Lava Jato. Ele é suspeito do recebimento de R$ 6 milhões de dinheiro de corrupção da Petrobras, o que está sendo investigado pela Polícia Federal.
No dia 18 de janeiro de 2002, o prefeito Celso Daniel foi sequestrado em uma churrascaria localizada na região dos Jardins, em São Paulo. Ele estava em uma Mitsubishi Pajero blindada, na companhia do empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como o “Sombra”. O automóvel foi seguido por três outros veículos: um Santana, um Tempra e uma Blazer.
Bandidos armados fecharam o carro do prefeito e o sequestraram. Na manhã do dia 20 de janeiro de 2002, o corpo de Celso Daniel, alvejado com onze tiros, foi encontrado na Estrada das Cachoeiras, na rodovia Régis Bittencourt.
Crime Político?
A Polícia Civil do Estado de São Paulo concluiu o inquérito sobre a morte de Celso Daniel no dia 1 de abril de 2002. Segundo o relatório final da polícia, seis pessoas de uma quadrilha da favela Pantanal, da Zona Sul de São Paulo, cometeram o crime.
Entre elas estava um menor de idade, que confessou ter sido o autor dos disparos que atingiram o prefeito. O inquérito policial concluiu que os criminosos sequestraram Celso Daniel por engano, e que o confundiram com uma outra pessoa.
A família de Celso Daniel nunca ficou satisfeita com o resultado do primeiro inquérito policial, inconformada com a tese de crime comum. Para a família, o crime teve motivação política.
Reabertura de inquérito
Familiares de Celso Daniel pressionou as autoridades para que o caso fosse reaberto. Em 5 de agosto de 2002, o Ministério Público de São Paulo solicitou a reabertura das investigações sobre o sequestro e assassinato do prefeito.
Para o irmão de Celso Daniel, o oftalmologista João Francisco Daniel, o prefeito morreu em razão de um dossiê sobre corrupção na prefeitura de Santo André.
João alega que seu irmão Celso Daniel, quando era prefeito de Santo André, sabia e era conivente de um esquema de corrupção na prefeitura, que servia para desviar dinheiro para o Partido dos Trabalhadores (PT).
O suposto esquema de corrupção envolveria integrantes do governo municipal e empresários do setor de transportes, e contaria ainda com a participação de José Dirceu. Nada, no entanto, foi provado.