28/01/2003 - 8:00
Durante os últimos 30 anos, Philippe Stern, presidente da Patek Philippe, uma das mais tradicionais e luxuosas fabricantes suíças de relógios, vasculhou os quatro cantos do planeta e participou de uma dezena de leilões em busca dos mais raros e antigos marcadores de tempo. O resultado do seu empenho pode ser visto no novo museu Patek Philippe, inaugurado no final do ano passado, em Genebra,
na Suíça. O museu reúne a maior e mais completa coleção de relógios do mundo inteiro. São cerca de duas mil peças que contam a história da relojoaria nos últimos cinco séculos. Alguns exemplares estão avaliados em mais de US$ 5 milhões. É o caso do Sympathique, produzido por Abraham-Louis Breguet, considerado um dos gênios da relojoaria. A peça, de 1800, é o artefato mais sofisticado feito pelo mestre. Há outras preciosidades como, por exemplo, o Rochat 1810, um relógio de ouro, feito no formato de uma pistola e adornado com pérolas.
Instalado em um antigo prédio de quatro andares, que levou dois
anos para ser restaurado, o Museu Patek Philippe foi concebido por
um time internacional de arquitetos e designers sob a batuta de Gerdi Stern, esposa de Philippe. Ela cuidou pessoalmente de todos os detalhes do edifício, que é decorado com móveis do século 18. As vitrines onde ficam expostas as preciosas relíquias são feitas com um raro tipo de eucalipto. Pedras da região francesa de Provence revestem as paredes internas do prédio. A entrada do museu é forrada com mármore espanhol.
No terceiro andar do edifício, uma vasta biblioteca com livros, documentos e desenhos de relógios está à disposição dos visitantes. Basta descer a escada para encontrar as maiores antigüidades: os relógios que datam dos séculos 16 a 19. O mais antigo é de fabricação alemã, feito em Nuremberg, em 1530. Naquela época, França, Itália e a própria Alemanha começavam a transformar-se em centros de produção de relógios.
A partir do final do século 16, com o objetivo de fugir das guerras, das disputas territoriais e das perseguições religiosas, um grupo de relojoeiros instalou-se em torno do pacato lago Genebra, na Suíça. Era o início da tradição suíça na arte de fazer marcadores de tempo, que agora pode ser visto no museu recém-inaugurado. Lá, a história é contada através dos ponteiros. Um relógio em forma de pendante, oferecido à rainha Vitória, em 1851, revela todo o luxo e requinte da nobreza da época. Há ainda exemplares célebres que pertenceram ao cientista Albert Einstein, ao músico Richard Wagner e ao escritor Leon Tolstoi. Outro destaque da coleção é o Caliber 89, criado em 1989 pela própria Patek Philippe, em comemoração aos 150 anos da empresa. É o relógio com o maior números de mecanismos do mundo. Com 33 funções e 1.728 partes distintas, o Caliber 89 consumiu nove anos de pesquisa.