Pesquisa do Imperial College London indica que o antiviral molnupiravir pode impulsionar o aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2, vírus da Covid-19. O medicamento é aprovado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a doença e os cientistas estão preocupados com a possibilidade da volta ou prolongamento da pandemia.

O remédio, produzido pela Merck & Co, mata o vírus e induz mutações no genoma viral. Segundo a pesquisa, algumas pessoas tratadas com o medicamento produziram novos vírus que podem transmitir e espalhar a doença. “Está muito claro que os vírus mutantes podem sobreviver ao tratamento com molnupiravir e competir com as variantes”, disse o virologista William Haseltine, presidente da ACCESS Health International, à revista Science.

Pesquisa revela que covid-19 pode permanecer por longo tempo

O laboratório Merck, segundo a revista, contesta que a droga cause o surgimento de variantes de ampla circulação e minimiza as mutações causadas pelo molnupiravir. A empresa informou que a ligação entre as mutações e a droga não foi comprovada. “Não há evidências de que qualquer agente antiviral tenha contribuído para o surgimento de variantes circulantes”, argumenta o laboratório.

“No momento, é muito barulho por nada”, disse Raymond Schinazi, químico medicinal da Escola de Medicina da Universidade Emory. Segundo ele, o vírus está sofrendo mutações naturalmente e muito rápido.