As remessas para países de baixa e média renda vão aumentar 4,2% este ano, e a Ucrânia, que sofre com a invasão pela Rússia, beneficiará com um salto esperado de mais de 20%, segundo relatório do Banco Mundial publicado nesta quarta-feira (11).

As remessas efetuadas por migrantes para suas famílias em seu países de origem totalizarão 630 bilhões de dólares, de acordo com os autores do relatório.

“No entanto, os fluxos de remessas para muitos países da Ásia Central, cuja principal fonte é a Rússia, cairão drasticamente”, alerta o Banco Mundial, que publica este relatório duas vezes por ano.

“Essas quedas, combinadas com um aumento acentuado dos preços dos alimentos, fertilizantes e petróleo, podem aumentar o risco de insegurança alimentar e exacerbar a pobreza em muitos desses países”, acrescenta.

Dilip Ratha, principal autor do relatório, observa que “a crise na Ucrânia desviou a atenção política global de outras regiões em desenvolvimento e da migração econômica”.

Mas destaca que há uma consciência da necessidade de apoiar as “comunidades de destino” que receberam um “grande afluxo de migrantes”.

Ratha recomenda a criação de um “Mecanismo de Financiamento em Condições Especiais para a Migração” para apoiar as comunidades que recebem migrantes.

Como em relatórios anteriores, o Banco Mundial destaca os custos excessivos dessas transferências de dinheiro.

Globalmente, o custo médio para enviar US$ 200 ficou em 6% no quarto trimestre de 2021, mais que o dobro da meta de 3% estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, segundo o banco de dados do Banco Mundial.

A instituição destaca que é mais barato enviar dinheiro para o Sul da Ásia (4,3%). Por outro lado, os custos mais elevados correspondem às transferências para a África Subsariana (7,8%).

Os custos de envio de dinheiro para a Ucrânia são igualmente elevados: 7,1% a partir da República Tcheca, 6,5% da Alemanha, 5,9% da Polônia e 5,2% dos Estados Unidos.

As remessas são frequentemente o principal recurso para as famílias nos países pobres.

Na terça-feira, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, defendeu a modernização do sistema internacional de pagamentos em uma conferência na Suíça, lamentando os altos custos de enviar dinheiro de migrantes para suas famílias.

“O custo médio de uma transferência é de 6,3%. Isso significa que cerca de 45 bilhões de dólares por ano são desviados para intermediários” em vez de beneficiar os destinatários, incluindo “milhões de famílias de baixa renda”, destacou.