Desde o acordo de delação em 2020 e a falência da MMX em 2021, há poucas informações sobre como Eike faz “para pagar as contas”. O Estadão questionou os advogados do empresário, por meio da assessoria de imprensa, sobre as atuais fontes de renda dele, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Nos bastidores, advogados que deixaram de trabalhar com o empresário já relataram a existência de dívidas, enquanto outros trabalham na expectativa de receber honorários ao fim dos processos.

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Pelo menos um dos assessores financeiros que se sucederam na tentativa de deslindar os problemas também investiu recursos próprios e não tem esperanças de recuperar o dinheiro. Do lado das receitas, é certo que o empresário se manteve como controlador da OSX e do restaurante Mr. Lam, chinês mais renomado do Rio.

Após sair da recuperação judicial, a OSX opera com modelo enxuto. De fabricante de navios e operadora de sondas de exploração de petróleo do Grupo X, a empresa hoje vive da gestão da locação de áreas operacionais no Porto do Açu – a OSX seguiu gerindo a área arrendada para a construção do estaleiro que nunca saiu do papel, dentro do porto desenhado por Eike e hoje controlado pela Prumo Logística, uma sociedade do fundo americano EIG com o Mubadala, o multibilionário fundo soberano de Abu Dabi.

A área arrendada pela OSX hoje é alugada para diversos clientes. No primeiro trimestre, registrou receita líquida de R$ 8,2 milhões, mas um prejuízo líquido de R$ 145,5 milhões.

Deficitária, a empresa não tem repassado dividendos aos acionistas nos últimos anos.

Questionada se Eike recebeu alguma outra forma de remuneração, a OSX informou que “não se pronuncia sobre questões referentes a nenhum dos seus acionistas”.

Já o Mr. Lam, fundado em 2006 mais como um hobby pessoal do que como um negócio para dar lucro, sempre foi minúsculo perto dos números do grupo. Seu capital social hoje é de R$ 8,2 milhões, conforme dados públicos da Receita Federal – uma gota perto de uma fortuna que atingiu US$ 30 bilhões em 2012.

Atualmente, o restaurante segue funcionando e atraindo clientes. Enfrentou dívidas trabalhistas, mas parece longe de problemas financeiros mais graves.

Por outro lado, tampouco parece claro se rende lucro suficiente para repassar dividendos capazes de manter o padrão de vida de quem já teve bilhões de patrimônio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.