10/01/2009 - 8:00

fundo mais em conta Dificilmente a taxa de administração de uma aplicação já existente vai ser reduzida. Mas os novos fundos têm sido lançados no mercado com taxas bem menores
A renda fixa começou a mudar. Na marra. Com os juros que remuneram os títulos públicos em queda, inflação sob controle e taxas de administração elevadas, a modalidade de fundos mais popular no Brasil terminou 2006 acossada, de um lado, pelas cadernetas de poupança e, de outro, pelas aplicações multimercados. A fuga de capital dos fundos DI e renda fixa deu a largada para uma corrida entre os gestores dessas categorias para manter a rentabilidade dos últimos anos e se antecipar a uma queda mais acentuada da Selic. A gestão passou a ser mais dinâmica e, atualmente, há três movimentos em curso. O primeiro é o lançamento de novos produtos, contendo mais papéis prefixados com vencimento em prazos mais longos e incorporando títulos privados à carteira. Isso tende a propiciar melhores retornos e, em contrapartida, aumentar o nível de risco das aplicações. O segundo movimento é a cobrança de taxas de administração menores nesses novos fundos. Por fim, a preocupação com o perfil do cliente está maior do que nunca. ?O mercado percebeu o início da transformação do investidor brasileiro. É um processo lento, mas ele está mais disposto a assumir riscos e mais exigente?, avalia Marcos Villanova, superintendente-executivo do Bradesco Investimentos. ?Hoje, a nossa gestão é menos em carteira e mais no cliente.?
Se é assim, a ordem é abusar dessa prerrogativa e pesquisar com cuidado as opções para o seu perfil. A chegada ao mercado dessa nova geração de fundos de renda fixa permite ao investidor mais conservador diversificar a carteira sem recorrer à renda variável. O Banco do Brasil, por exemplo, lançou para clientes de alta renda um fundo predominantemente focado em papéis prefixados. O Bradesco tem fundos com grande parcela de títulos privados (sobretudo debêntures). O Itaú tem investido em prazos mais longos. O HSBC, por sua vez, mantém posição moderada em taxas prefixadas.
?A tendência do mercado é aumentar os riscos?, explica Carla Barreto, gerente de investimento em varejo do Banco do Brasil. Há cerca de dez anos, os títulos privados correspondiam a menos de 10% da composição dos fundos de renda fixa. Hoje, sua participação já ultrapassa os 20%, e o mercado de papéis privados ganha força e se torna atrativo. Isentos de Imposto de Renda, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as Letras Hipotecárias (LHs) eram restritos a aplicações superiores a R$ 300 mil. A Caixa Econômica Federal reduziu a aplicação em LHs para R$ 50 mil e a CVM agora estuda reduzir as exigências e permitir uma aplicação mínima bem menor em CRIs, criando o CRI Varejo. Embora a promessa de ganhos em fundos compostos por títulos privados seja bem atrativa, acima do CDI, o superintendente de Fundos de Renda Fixa do Itaú, Érico Capelo, alerta que o cliente precisa estar consciente de que os riscos são maiores. ?Antes de qualquer outra coisa, o investidor precisa saber qual é o seu apetite por risco e por quanto tempo poderá deixar seu dinheiro aplicado?, diz.
Nesse cenário, uma regra básica do investidor ? quanto menor a taxa de administração, maior será seu retorno ? está mais em voga do que nunca. E fará a diferença no resultado final. Um levantamento de um gestor especializado mostra que as taxas variam de 1,5% a 5% ao ano em fundos com aplicação inicial de R$ 5 mil. De 0,8% a 3,5% para quem tem até R$ 100 mil para investir. E de 0 a 1,5% para investimentos acima de R$ 100 mil. É muito improvável que os gestores venham a reduzir as tarifas dos fundos já existentes, mas a Associação Nacional dos Bancos de Investimento já registra queda ?consistente? nas taxas de administração de todas as categorias ? resultado dos novos fundos que estão sendo criados. ?Os bancos estão competindo para tirar dinheiro uns dos outros?, afirma Marcelo Giufrida, vice-presidente da Anbid. ?A velocidade da redução pode ser diferente, dependendo do produto, mas ela sem dúvida acontece.? ![]()
R$ 440 bilhões foi o valor total aplicado em fundos de renda fixa em 2006 |