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fundo mais em conta Dificilmente a taxa de administração de uma aplicação já existente vai ser reduzida. Mas os novos fundos têm sido lançados no mercado com taxas bem menores

A renda fixa começou a mudar. Na marra. Com os juros que remuneram os títulos públicos em queda, inflação sob controle e taxas de administração elevadas, a modalidade de fundos mais popular no Brasil terminou 2006 acossada, de um lado, pelas cadernetas de poupança e, de outro, pelas aplicações multimercados. A fuga de capital dos fundos DI e renda fixa deu a largada para uma corrida entre os gestores dessas categorias para manter a rentabilidade dos últimos anos e se antecipar a uma queda mais acentuada da Selic. A gestão passou a ser mais dinâmica e, atualmente, há três movimentos em curso. O primeiro é o lançamento de novos produtos, contendo mais papéis prefixados com vencimento em prazos mais longos e incorporando títulos privados à carteira. Isso tende a propiciar melhores retornos e, em contrapartida, aumentar o nível de risco das aplicações. O segundo movimento é a cobrança de taxas de administração menores nesses novos fundos. Por fim, a preocupação com o perfil do cliente está maior do que nunca. ?O mercado percebeu o início da transformação do investidor brasileiro. É um processo lento, mas ele está mais disposto a assumir riscos e mais exigente?, avalia Marcos Villanova, superintendente-executivo do Bradesco Investimentos. ?Hoje, a nossa gestão é menos em carteira e mais no cliente.?

Se é assim, a ordem é abusar dessa prerrogativa e pesquisar com cuidado as opções para o seu perfil. A chegada ao mercado dessa nova geração de fundos de renda fixa permite ao investidor mais conservador diversificar a carteira sem recorrer à renda variável. O Banco do Brasil, por exemplo, lançou para clientes de alta renda um fundo predominantemente focado em papéis prefixados. O Bradesco tem fundos com grande parcela de títulos privados (sobretudo debêntures). O Itaú tem investido em prazos mais longos. O HSBC, por sua vez, mantém posição moderada em taxas prefixadas.

?A tendência do mercado é aumentar os riscos?, explica Carla Barreto, gerente de investimento em varejo do Banco do Brasil. Há cerca de dez anos, os títulos privados correspondiam a menos de 10% da composição dos fundos de renda fixa. Hoje, sua participação já ultrapassa os 20%, e o mercado de papéis privados ganha força e se torna atrativo. Isentos de Imposto de Renda, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as Letras Hipotecárias (LHs) eram restritos a aplicações superiores a R$ 300 mil. A Caixa Econômica Federal reduziu a aplicação em LHs para R$ 50 mil e a CVM agora estuda reduzir as exigências e permitir uma aplicação mínima bem menor em CRIs, criando o CRI Varejo. Embora a promessa de ganhos em fundos compostos por títulos privados seja bem atrativa, acima do CDI, o superintendente de Fundos de Renda Fixa do Itaú, Érico Capelo, alerta que o cliente precisa estar consciente de que os riscos são maiores. ?Antes de qualquer outra coisa, o investidor precisa saber qual é o seu apetite por risco e por quanto tempo poderá deixar seu dinheiro aplicado?, diz.

Nesse cenário, uma regra básica do investidor ? quanto menor a taxa de administração, maior será seu retorno ? está mais em voga do que nunca. E fará a diferença no resultado final. Um levantamento de um gestor especializado mostra que as taxas variam de 1,5% a 5% ao ano em fundos com aplicação inicial de R$ 5 mil. De 0,8% a 3,5% para quem tem até R$ 100 mil para investir. E de 0 a 1,5% para investimentos acima de R$ 100 mil. É muito improvável que os gestores venham a reduzir as tarifas dos fundos já existentes, mas a Associação Nacional dos Bancos de Investimento já registra queda ?consistente? nas taxas de administração de todas as categorias ? resultado dos novos fundos que estão sendo criados. ?Os bancos estão competindo para tirar dinheiro uns dos outros?, afirma Marcelo Giufrida, vice-presidente da Anbid. ?A velocidade da redução pode ser diferente, dependendo do produto, mas ela sem dúvida acontece.?

R$ 440 bilhões foi o valor total aplicado em fundos de renda fixa em 2006

OS MELHORES
Os cinco fundos DI mais rentáveis até 30 de novembro de 2006

Fundo

Patrimônio líquido

Rentabilidade

Santander Banespa Ref. FI DI

R$ 11.833,02 milhões

14,20%

Safra Market Ref. FIC DI

R$ 958,20 milhões

13,99%

GAP Ref. FI DI

R$ 15,96 milhões

13,96%

Pactual Yield Ref. FI DI

R$ 1.506,7 milhões

13,95%

Itaú Soberano Ref. FI DI LP

R$ 797,25 milhões

13,89%