Há três anos consecutivos, o investidor que aposta em ações não tem motivos para queixas. Em 2005, apesar de algumas oscilações verificadas no primeiro semestre, mais uma vez a Bovespa encerrou o ano em alta, movimento que, segundo os especialistas, tende a se manter em 2006. Até o início de dezembro passado, o Ibovespa acumulava valorização de 27%, alcançando 33.291 pontos na sexta-feira 16. Os fundos de ações somaram patrimônio de R$ 25 bilhões até a primeira quinzena de dezembro, com rentabilidade média de 23,7. O excesso de liquidez no mercado internacional (que significa grande volume de recursos disponíveis) e os bons indicadores da economia brasileira ? a exemplo da balança comercial positiva – são apontados como os principais motivos para o bom desempenho da Bolsa no ano passado, fatores que devem continuar interferindo favoravelmente no próximo ano. Ou seja, para quem está pensando em investir no pregão, as perspectivas são positivas. Apesar da alta registrada no ano passado, os analistas acreditam que a Bovespa ainda pode subir 30% em 2006.

?Entre os países emergentes, o Brasil ainda é um dos preferidos pelos investidores internacionais, pois os preços da Bolsa brasileira ainda estão baratos?, avalia Mário Quaresma, superintendente de renda variável do BankBoston Asset Management. Isso significa que o tempo que o investidor demora para receber de volta o valor aplicado em ações na Bovespa é um dos menores entre esses mercados. Quanto menor o tempo de retorno do investimento, mais barata está a Bolsa. Esse retorno é medido pela relação entre o valor de mercado da empresa e o fluxo de caixa gerado no ano, que, no caso da Bovespa, segundo a corretora Ágora Sênior, é de 9,6 anos (em valores de novembro passado). Apenas para comparação, o índice da Rússia é de 8 anos. A explicação para esse cenário é que os lucros das empresas brasileiras cresceram além das companhias dos demais países. Segundo Quaresma, as razões incluem maior produtividade da indústria nacional e preços mais altos das commodities.

Um dos grandes destaques do segmento de renda variável em 2005 foi a segunda emissão de cotas do PIBB (sigla para Papéis Índice Brasil Bovespa), fundo formado pelas ações das 50 companhias mais negociadas na Bovespa. A grande vantagem do PIBB é a blindagem contra perdas: caso os papéis se desvalorizem no primeiro ano, o BNDES se compromete a recomprar as ações do investidor. Na segunda oferta da aplicação, realizada em setembro passado, o valor da recompra foi ampliado para
R$ 50 mil. O lançamento foi um sucesso. Segundo a Anbid, a captação do PIBB já alcançou quase R$ 2 bilhões e a rentabilidade em 2005, até 07 de dezembro, foi de 34,8%. Antes de ingressar em qualquer fundo de ações, no entanto, aprenda a controlar a ansiedade. O consultor financeiro Elchanan Palatnik sugere que o investidor não fique sugestionado pelas notícias cotidianas sobre o pregão. Para o investidor médio, aplicar em ações deve obedecer a uma estratégia de longo prazo, sempre com carteiras diversificadas. ?O ideal é destinar entre 10% e 12% dos recursos para ações de empresas de diferentes setores, de modo a sofrer menos os efeitos de alguma volatilidade temporária?, recomenda.