O senador Rand Paul, um ‘conservador libertário’ e precursor do radical Tea Party, oficializou nesta terça-feira sua candidatura à indicação do Partido Republicano para as eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2016, sendo assim o segundo republicano a entrar na corrida pela Casa Branca.

“A máquina de Washington que traga nossas liberdades e invade cada espaço de nossas vidas deve ser detida”, disse Paul para partidários em Louisville, Kentucky, onde foi eleito senador.

“A dívida duplicou sob a administração republicana e agora está triplicando sob os olhos de Obama”, assinalou o senador, admitindo que os republicanos muitas vezes “desperdiçaram” seu tempo em Washington.

Há duas semanas, Ted Cruz anunciou sua pré-candidatura pelo Partido Republicano e em breve deve ser a vez de Jeb Bush, que lidera as preferências dos eleitores republicanos mesmo sem um anúncio oficial.

Do lado democrata, Hillary Clinton já tem uma equipe de campanha, o que dá a entender que não está longe o dia em que entrará oficialmente na corrida pela indicação do partido do presidente Barack Obama.

Os telões instalados no salão de um grande hotel de Louisville exibiam o slogan: “Derrotar a maquinaria de Washington, libertar o sonho americano”.

Rand Paul, um oftalmologista de 52 anos, lançou sua carreira política em 2009 desafiando o establishment republicano, quando apenas começava a onda do movimento anti-impostos que deixaria uma marca dentro do partido durante a era Obama: o Tea Party.

Ele agora se apresenta como uma “nova classe de republicano” para tentar aglutinar, ao mesmo tempo, os ultraconservadores e ampliar a base eleitoral do partido apelando aos jovens, às minorias e aos centristas, um delicado ato de equilíbrio.

“Rand é médico e isso dá uma perspectiva única em Washington, simplesmente porque está treinado para diagnosticar um problema e achar uma solução”, afirmou sua esposa Kelley e,m um vídeo de campanha.

Ele quer assumir o legado de seu pai, Ron Paul, que foi três vezes candidato presidencial “libertário”, ou seja, conservador em assuntos econômicos, mas liberal em assuntos sociais.

Rand Paul é fiel à tradição libertária: está em guerra com os neoconservadores de seu partido, denuncia o intervencionismo dos anos Clinton, Bush e Obama e promove um programa econômico ultraliberal.

Os libertários dão as boas-vindas a suas denúncias contra o programa de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA), suas propostas sobre a maconha medicinal e uma reforma do sistema penal que promova penas alternativas à prisão.

“É muito importante para os eleitores jovens”, afirmou à AFP Matt Kibbe, presidente da organização Freedomworks, que descreve como um “motor do movimento da liberdade”. “Os temas tradicionalmente republicanos como a taxa marginal de impostos não repercutem junto aos jovens, que estão chegando ao mercado de trabalho, mas como os temas de justiça repercutem muito bem”.

Rand Paul prefere descrever-se como “conservador libertário” ou “constitucional” e teve de aliviar algumas de suas posturas. Apesar de denunciar o enorme gasto militar americano, recentemente apoiou um aumento do orçamento do Pentágono.

Mas quanto ao casamento homossexuais, segue a linha tradicional republicana.

“Sim, assumiu algumas posições que aborrecem os libertários, mas contnuo sendo o mais libertário dos candidatos”, declarou à AFP David Boaz, vice-presidente do centro de análise libertário Cato Institute.

Os democratas, e alguns de seus adversários, preferem ver nisso um mero oportunismo.

“Ele diz que é algo diferente, mas quando você olha, é igual a qualquer outro aspirante presidencial republicano: bom para os más ricos e ruim para a classe média”, afirmou, em um comunicado, a presidente do Partido Democrata, Debbie Wasserman Schultz.

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