13/10/2022 - 13:17
Confiantes em sua vitória nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, os republicanos preparam suas prioridades legislativas para o novo Congresso, as quais incluem um acerto de conta com os democratas.
O partido do ex-presidente Donald Trump teve de assistir, impotente e das bancadas da oposição, a seu líder se defender durante anos de investigações criminais e parlamentares. Agora, os republicanos esperam retomar o controle da Câmara de Representantes em novembro e planejam se vingar dos inimigos de Trump no Congresso, na Casa Branca e na polícia, abrindo suas próprias investigações.
Um dos principais alvos pode ser o próprio Joe Biden, afirma a representante republicana Nancy Mace. Ela confirmou que há vozes que militam para iniciar um processo de impeachment do presidente em 2023.
“Acho que há pressão sobre os republicanos para que levem isso à frente e votem”, disse ela à rede NBC em setembro. “Acho que é isso que alguns estão considerando”, completou.
A prioridade da Comissão de Inquérito da Câmara será, no entanto, intensificar o escrutínio do filho do presidente, Hunter Biden, cujos negócios já são investigados pelo FBI, a Polícia Federal americana.
– “500 pedidos” –
Até agora, os líderes do partido se recusaram a endossar publicamente o processo de impeachment, mas prometeram “fazer uma supervisão rigorosa para frear os abusos de poder e a corrupção do governo”, entre outras prioridades políticas reveladas nas últimas semanas de campanha.
“Os republicanos na Câmara advertiram o governo Biden com mais de 500 pedidos de informações e documentos”, segundo o comunicado.
Vários congressistas republicanos e figuras do governo Trump desafiaram as intimações para comparecerem em investigações lideradas pelos democratas, incluindo a do ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Isso não os impediu, porém, de prometer que obrigarão os democratas a depor pelas decisões tomadas no governo até agora.
Entre as investigações planejadas estão o tratamento, por parte da Casa Branca, da retirada das tropas americanas do Afeganistão, da imigração ilegal na fronteira mexicana e das origens do coronavírus.
O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, responsável pela imigração, é um dos principais alvos do partido da oposição. Os republicanos também prometeram investigar Anthony Fauci, principal conselheiro médico de Joe Biden sobre as vacinas contra a covid-19, sobre a obrigatoriedade no uso de máscaras e sobre outros problemas de saúde relacionados à pandemia.
“Desde o início, o dr. Fauci foi advertido pelos principais cientistas de que o vírus parecia ser geneticamente modificado e provavelmente vazado de um laboratório de Wuhan”, afirmou em um comunicado o republicano James Comer, que espera liderar a comissão de inquérito no ano que vem.
“Apesar desses fatos, o dr. Fauci descartou essas ideias, em público, como teorias da conspiração”, insistiu.
A versão de Comer é rejeitada pela Universidade Johns Hopkins, segundo a qual pesquisas recentes que confirmam a origem da pandemia em um mercado chinês de frutos do mar seriam “o golpe de misericórdia para qualquer teoria alternativa”.
– ‘Hipocrisia’ –
Outro alvo dos republicanos poderá ser a operação realizada pelo FBI na casa de Trump na Flórida para recuperar documentos confidenciais e ilegalmente retidos pelo ex-presidente.
“Procurador-geral (Merrick) Garland: mantenha seus documentos e libere sua agenda”, tuitou o líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, no dia da operação, acusando os democratas de “instrumentalizarem” o Departamento de Justiça.
A imprensa americana alertou que os republicanos também planejam se vingar daqueles que lideraram a investigação do ataque ao Capitólio, que descobriu um mar de evidências sobre o papel de Trump na revolta.
Também pretendem revisar a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a ingerência russa nas eleições americanas de 2016, que revelou uma extensa rede de contatos entre a campanha de Trump e agentes de Moscou.
As notícias sobre as próximas investigações atraíram uma forte resposta dos democratas, que consideram o escrutínio de Hunter Biden como uma “obsessão” republicana.
“Diferentemente do ex-presidente Trump e sua família, que usaram seus altos postos na Casa Branca para promover seus próprios interesses financeiros – e que os republicanos defenderam cegamente -, Hunter Biden é um cidadão privado que não é membro do governo”, disse um assessor presidencial ao jornal “The Washington Post”.