O novo recorde de desmatamento alcançado este ano na Amazônia tem um alvo claro: as Terras Indígenas (TIs). Essa é a conclusão de um novo estudo elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Das dez Áreas Protegidas (AP) da região que mais sofreram pressão pela derrubada de árvores criminosa, cinco são TIs. Para o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr., quando as leis ambientais são cumpridas, as Terras Indígenas funcionam como barreiras para o desmatamento, o que não ocorre quando os direitos dos povos indígenas são desrespeitados. Essa tem sido a postura do governo atual. “Desde o ano passado a invasão de Terras Indígenas tem aumentado devido a garimpos clandestinos, extração ilegal de madeira e grilagem de terras”, diz Souza Jr. De fevereiro a abril,o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon identificou um total de 885 km² de desmatamento na Amazônia – 53% das células de desmatamento apontam ameaça e 47% mostraram a pressão em APs. O número de células com desmatamento de fevereiro a abril de 2020 é 216% superior ao registrado no mesmo período de 2019. O instituto usa o termo “pressão” quando há desmatamento dentro da área protegida.

(Nota publicada na edição 1178 da Revista Dinheiro)