Nos últimos 40 anos, o empresário Nelson Tanaka, 71 anos, se dedicou a fortalecer a rota comercial Brasil-Japão. Especialmente no que se refere à disseminação de tecnologias destinadas ao lazer e ao bem-estar. Fez isso por meio da importação de aparelhos de TVs de tela grande, da marca Sharp, no início dos anos 2000, além de modernos purificadores de ar, cujos modelos portáteis podem ser usados até dentro de automóveis. “É ideal para quem dirige em ambientes poluídos como a cidade de São Paulo”, diz. “Desde que comecei a usá-los, meu nível de estresse tem ficado próximo de zero”.

O aumento da concorrência e a comoditização do setor de aparelhos eletrônicos de uso domésticos fez com que o Tanaka decidisse promover uma guinada no modelo de negócio, em 2012, migrando do segmento de importação de produtos para o ramo de construção civil. Foi aí que nasceu a incorporadora Zmart Hauz, especializada em imóveis de luxo. Nesta empreitada, ele se associou a nomes destacados do mercado, como o paulistano João Armentano, encarregados de projetar as mansões erguidas em bairros sofisticados da cidade de São Paulo.

A atuação de Tanaka despertou a atenção dos conterrâneos. Tanto que o negócio acabou entrando na mira de investidores de um grupo japonês, cujo nome não revela, que acaba de injetar o equivalente a R$ 100 milhões na incorporadora. Os recursos fizeram com que o empreendedor, mais uma vez, alterasse o foco do negócio. Em vez de apenas projetar residências de ato padrão, ele passou a apostar em casas inteligentes. “Acredito que, cada vez mais, as pessoas levarão em conta a qualidade de vida na hora de decidir consumir produtos e serviços”, argumenta. “E isso inclui a habitação”.

Dono de uma carteira de terrenos em pontos estratégicos de São Paulo, a Zart Hauz dispõe de três imóveis: dois já finalizados. Um deles, cotado em R$ 45 milhões, ainda é da safra antiga e por isso conta com equipamentos portáteis para as funções de purificação do ar, filtragem da água e controle térmico. Todos os itens são da marca Sharp. “Temos um contrato de exclusividade na importação”, conta.

Para poucos: ar puro, água filtrada e temperatura controlada, são alguns dos itens que compõe a Casa Saudável

Outro, em estágio final de construção, foi erguido com estas mesmas facilidades incorporadas à edificação. Neste caso, os equipamentos em versão maior serão embutidos nas paredes, no subsolo e no encanamento. De acordo com o empreendedor, a tecnologia embarcada nas Casas Saudáveis impacta entre 1% e 1,5% no custo total da construção, dependendo do tipo e do porte dos equipamentos e da construção.

Apesar de mirar o topo da pirâmide, o controlador da Zmart Hauz, acredita que este conceito tem tudo para se tornar acessíveis a um número maior de brasileiros. “Tudo depende do interesse do mercado. Quanto maior o volume de equipamentos que importamos, menor o preço de venda”, explica.

Além de ajudar na guinada do negócio, a entrada do investidor japonês incentivou Tanaka a mudar a gestão do negócio. Agora, os sócios júniores (os arquitetos Natalia Máximo e Vitor Yamamoto) controlam 10% da empresa, enquanto o empreendedor ficou com 90% do bolo ainda sob controle nacional. “Meu objetivo é que esta proporção se inverta no futuro”, diz. Desta forma, ele espera não apenas oxigenar a gestão, como também viabilizar a perenidade do negócio.