Quando o mundo se viu paralisado diante de vírus desconhecido a reação da maior parte das pessoas físicas e jurídicas foi compasso de espera: ficar em casa, segurar projetos, repensar a estratégia e ter paciência. Mas em alguns setores, parar não era uma possibilidade. No caso de quem é o responsável por garantir o abastecimento de água e esgoto de uma população que, até o momento, só tinha a higiene como arma contra o coronavírus, enfrentar as ruas era essencial para que os cidadãos pudessem ficar em casa. E foi esse o desafio da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Atravessar as turbulências financeiras e garantir um serviço de qualidade. “Nossas equipes continuaram em campo, com medo, receio, mas não poderíamos parar. Esse foi nosso maior desafio”, disse Neuri Freitas, presidente da Cagece.

De acordo com ele, o ano de 2020 começou com outro ritmo. A empresa tinha planos ambiciosos para seu desempenho financeiro, mas a chegada da Covid-19 exigiu uma mudança de rota. “Queríamos superar alguns indicadores financeiros e operacionais, mas com a pandemia a gente viu tudo desmoronar, e em fevereiro a gente tomou consciência de que só poderíamos ser resilientes e passar por isso”, afirmou.

E para que esse processo acontecesse, Freitas liderou uma maratona para ajustar a operação. Criou um comitê de crise e desenvolveu novos processos operacionais, revisão da logística, implementação de protocolos de saneamento. Tudo isso enquanto a arrecadação caía. “Perdemos receitas com a isenção de clientes de baixa renda e postergação de pagamento. Tivemos aumento considerável das contas a receber em atraso. A inadimplência saltou.”

NEURI FREITAS EMPRESA: CAGECE. CARGO: Presidente. DESTAQUES DA GESTÃO: Garantia e suporte de abastecimento de água e esgoto para 83% das cidades cearenses. (Crédito:Divulgação)

Mas nem isso desanimou. Segundo Freitas, o foco é que tudo era uma fase. “Firmamos a ideia de que tudo isso era passageiro. Que logo teríamos condições melhores. Mesmo com a adversidade, a empresa investiu R$ 256 milhões em 2020, alta de 12,4% sobre o ano anterior. Para este ano, a empresa espera investir R$ 600 milhões. “Com a maioria das pessoas vacinadas aqui no Ceará, as coisas já estão melhores”, afirmou. Hoje, em todo o estado a empresa opera em 156 cidades, ou 83% dos municípios.

Mas para garantir que tudo funcionasse bem em meio a um mundo mudado, o processo de inovação da Cagece começou bem antes da pandemia. Freitas conta que a inovação faz parte do DNA da empresa, e projetos não faltam. Entre os principais estão a Usina de Dessalinização de Água Marinha, Tecnologias de Tratamento de Água da ETA Gavião, Reúso Industrial para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) e o Monitoramento de Perdas, por meio de inteligência artificial. Todas importantes medidas que focam tanto na sustentabilidade, diminuição de perdas e alianças com o meio ambiente.

Se na parte operacional a inovação já vem sendo trabalhada na última década, a pandemia exigiu uma resposta mais rápida também para os clientes. Com limitações de segurança sanitária era preciso manter o diálogo com a população, mas sem necessariamente colocar um técnico dentro dos lares.

A solução estava na palma da mão. A criação de um assistente virtual foi responsável por solucionar as demandas primárias, com possibilidade de envio de foto e assistência de um técnico remotamente. Toda essa agilidade, na visão de Freitas, foi um dos fatores que fizeram a empresa saltar da 3ª colocação no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO em 2020 para o primeiro lugar na edição de 2021. “Tivemos atuação diferenciada e isso nos ajudou a receber o prêmio. Entendemos que ou a gente se unia para cuidar tanto da nossa parte social quanto da financeira, ou não sobreviveríamos. E estamos aqui.” Ainda bem.