01/06/2020 - 16:28
O confronto entre o Twitter e Donald Trump levou a um mal-estar entre funcionários do Facebook, devido à relutância do seu diretor-executivo, Mark Zukerberg, em agir contra publicações falsas ou incendiárias feitas pelo presidente americano.
“Mark está errado e irei me empenhar da forma mais firme possível para fazê-lo mudar de opinião”, tuitou o diretor de design do feed de notícias do Facebook, Ryan Freitas, assinalando que está formando um grupo com outros 50 funcionários que compartilham de sua opinião.
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Vários funcionários da empresa californiana anunciaram uma paralisação on-line hoje para protestar contra a política da rede social e mostrar apoio à comunidade negra, em meio à onda de protestos nos Estados Unidos causada pela morte de um homem negro pela polícia.
“Temos que enfrentar o perigo, e não nos esconder”, tuitou a funcionária Sara Zhan. “Participarei da greve virtual de hoje em solidariedade à comunidade negra.” Quase todos os funcionários do Facebook estão trabalhando de casa devido à pandemia do novo coronavírus.
A origem da discórdia foi a decisão do Twitter de postar uma mensagem para os usuários na conta de Trump, convidando-os a verificar as mensagens nas quais o presidente considerava o voto pelos correios fraudulento.
Zuckerberg reagiu, em entrevista à rede de TV FoX News. Ele declarou que as redes sociais privadas “não devem ser o árbitro da verdade de tudo o que as pessoas dizem na web”. Trump retuitou a entrevista.
O Twitter respondeu novamente na última sexta-feira a um tuíte de Trump no qual ele fez um alerta aos manifestantes furiosos com a morte de um homem negro de 46 anos enquanto era detido pela polícia.
“Esses bandidos estão desonrando a memória de George Floyd, e não deixarei que isso aconteça. Acabei de falar com o governador Tim Walz e lhe informei que o Exército está completamente ao seu lado. Se houver qualquer dificuldade, assumiremos o controle, mas quando os roubos começarem, começará o tiroteio “, escreveu Trump no Twitter.
O Twitter ocultou a mensagem com um aviso de que defendia a violência. No entanto, os usuários podiam clicar na advertência e ler o tuíte. A mensagem também foi postada no Facebook, mas Zuckerberg decidiu mantê-la.
“Passei o dia inteiro me perguntando como responder aos tuítes e postagens do presidente (no Facebook)”, escreveu ele na última sexta. “Pessoalmente, tenho uma reação negativa visceral a este tipo de retórica divisiva e incendiária”, assinalou. “Nossa posição é de que devemos permitir estas expressões no que for possível, a menos que elas gerem um risco iminente de dano ou perigo.”
– Revolta na rede –
Twitter e Facebook aplicam formas próprias de verificação contra a desinformação e o conteúdo considerado perigoso, como a incitação ao discurso de ódio, assédio ou violência. Mas o Facebook isenta personalidades políticas ou candidatos destas restrições.
A posição de Zuckerberg não é a mesma de muitos de seus funcionários, que foram ao Twitter e ao Medium para expressar sua indignação.
“Não sei o que fazer, mas sei que é inaceitável não fazer nada”, twittou Jason Stirman, membro da equipe de pesquisa e desenvolvimento do Facebook.
Stirman expressou sua “total discordância com a decisão de não fazer nada com as recentes publicações de Trump que claramente incitaram a violência”.
“Não estou sozinho no Facebook. Não há posição neutra sobre o racismo”, acrescentou.
Outros funcionários do Facebook também falaram.
David Gillis, da equipe de segurança e integridade de conteúdo, disse que o tweet de Trump “incentiva a violência extrajudicial e o racismo”.