Reconhecida no mercado pela estrutura para realização de eventos e atividades corporativas, os endereços da rede Bourbon estão se reinventando. Com mais viajantes de lazer nos empreendimentos, o grupo viu oportunidade de equilibrar um pouco mais as fontes de receita. Se antes da pandemia, eventos eram responsáveis por 65% da demanda dos resorts, como o Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort, no Paraná, e Bourbon Atibaia Resort, no interior de São Paulo, hoje esse percentual fica próximo dos 55%. Com mais famílias buscando os empreendimentos, a rede irá investir R$ 51 milhões na melhoria da estrutura de lazer. “A gente percebeu que tinha um potencial maior neste segmento de lazer”, disse Edilson Aparecido Rodrigues, diretor financeiro da empresa.

Desse montante, R$ 24 milhões (47%) serão investidos no Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort. O empreendimento ganhará novo parque de piscinas, chamado de dream pool, que será integrado com o espaço de mata preservada, inclusive com águas termais.

Além disso, o resort ganhará novo espaço da Turma da Mônica com 400 m2. A empresa tem parceria de mais de 15 anos com a Maurício de Souza.

Também há ampliação do bar do lobby, e um novo bar para a piscina. Esses espaços ficam prontos ainda em setembro.

Já o complexo aquático tem previsão de sete meses de obra e o início está condicionado ao momento de baixa temporada no turismo. “É um complemento para nossa estrutura com esse foco de aumentar a capacidade de atendimento para o segmento de lazer, com atenção para as famílias”, disse Rodrigues.

Os outros R$ 27 milhões (53%) serão investidos no Bourbon Atibaia Resort. Esse é um dos principais produtos da rede e, de acordo com Rodrigues, a demanda de lazer muitas vezes é mais alta que a capacidade dos equipamentos, o que motivou as novidades. “Às vezes a gente tem disponibilidade de quarto, mas a gente limita por pessoa para não ter desconforto tanto nos restaurantes como na área de lazer”, disse. Em julho, foi inaugurado o Acqua Kids, miniparque aquático para crianças. Ano que vem será feito o Bourbon Beach, que consiste em um conjunto de piscinas com praia artificial e ondas.

45% demanda média do público de lazer nos resorts da rede Bourbon em Atibaia (SP) e Foz do Iguaçu (PR)

Segundo Mariana Aldrigui, especialista em turismo e professora da USP, a estratégia da rede é acertada e vai ao encontro de tendências no setor. Com o preço das passagens aéreas, principalmente internacionais, elevado, o turismo doméstico cresce, em especial o de curta distância, que pode ser realizado sem a necessidade de comprar passagens aéreas.

Além disso, o aquecimento da economia motiva mais eventos corporativos. Então, empreendimentos como o de Atibaia saem fortalecidos, uma vez que “atendem ao corporativo durante a semana e às famílias no final de semana”, disse Mariana.

“Às vezes a gente tem disponibilidade de quarto, mas a gente limita por pessoa para não ter desconforto tanto nos restaurantes como na área de lazer.”
Edilson Aparecido Rodrigues, diretor financeiro do Bourbon

Edilson Aparecido Rodrigues diretor financeiro do Bourbon (Crédito:Clayton Netz)

Internacionalização

Dos 24 hotéis do grupo, três estão no exterior. Um na Argentina e dois no Paraguai. Essas unidades são menores e tiveram uma recuperação pós-pandemia mais lenta. Mas isso não impede a expansão.

A rede pretende explorar o mapa além das fronteiras sul-americanas. O país não foi especificado, mas leva em consideração a popularidade com o público brasileiro e a própria comunidade nacional no local, o que restringe a localizações a apostas como a Flórida, no sul dos Estados Unidos, e Portugal, lugares em que há forte presença de brasileiros.

“Estamos tendo o cuidado de buscar locais onde teremos maior facilidade de mostrar nossa marca”, disse Rodrigues. “E também pensar um pouco em hotéis atrelados à experiência”, o que considera gastronomia e serviços, em uma tentativa de diferenciação como a oferecida por grandes e onipresentes redes internacionais mundo afora.

No plano de expansão, o Bourbon também considera novas aberturas no Brasil. A previsão é que entre 2024 e 2025 chegue a aproximadamente 30 unidades operando mundialmente.