30/04/2025 - 11:15
As ações da Weg derretem 11,5% logo na bolsa de valores nesta quarta-feira, 30, sendo a maior queda intradia da história da empresa. Os papéis refletem uma reação de grande pessimismo do mercado com os números recém reportados da empresa referentes ao primeiro trimestre de 2025 (1T25), que mostram todas as linhas do fim do balanço – o chamado bottom line – aquém das expectativas.
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O Ebitda da Weg no 1T25 foi de R$ 2,173 bilhões, ao passo que o consenso Bloomberg mirava R$ 2,27 bilhões. A receita operacional líquida (ROL) somou R$ 10,078 bilhões, também abaixo das projeções do consenso, que eram de R$ 10,3 bilhões.
Nesses indicadores a companhia mostrou uma alta ante igual etapa do ano anterior, mas ficou abaixo das projeções. Todavia, em alguns indicadores de rentabilidade a empresa chegou a ter um recuo substancial ante igual etapa do ano anterior.
Foi o caso do Retorno Sobre Capital Investido (Roic), um dos principais indicadores para medir a qualidade dos resultados da Weg. Esse indicador recuou 5,7 pontos percentuais ante igual período de 2024, caindo para atuais 33,2%.
A justificativa da companhia fio de que essa queda na rentabilidade se deu por conta dos investimentos em ‘ativos fixos e intangíveis, além da aquisição dos negócios da Marathon, Rotor e Cemp’ – em alusão à compra dos ativos da norte-americana Regal Rexnord que foi anunciada no fim de 2023, sendo o maior negócio já feito pela empresa.
Analistas do JPMorgan, que tem recomendação de compra para WEGE3, frisaram que o resultado da Weg foi pior do que o esperado, com receitas e margens decepcionando.
Como principais pontos negativos os analistas da casa destacaram:
- Receita líquida ficou 3% abaixo da projeção do banco, impactada pelo crescimento da receita externa de +36% na base anual em relação às estimativas
- Margem bruta contraindo novamente, atingindo 32,9%, sendo o menor nível desde o terceiro trimestre de 2023 e 0,8 ponto percentual abaixo das projeções do banco
- As despesas de vendas, gerais e administrativas cresceram acima da receita, em uma alta de 37% ante o ano anterior
- Lucro líquido em R$ 1,55 bilhão, 8% abaixo das projeções da casa e 10% abaixo das projeções do consenso
“A margem bruta foi de 32,9%, -0,3 ponto percentual em relação ao ano anterior, impulsionada por um mix pior, já que o negócio de geração solar pressionou a lucratividade, juntamente com custos de insumos mais altos, como o cobre. As despesas de vendas, gerais e administrativas totalizaram R$ 1,2 bilhão (em linha com a JPMe), mas subindo 37% em relação ao ano anterior, acima do crescimento da receita”, observaram os especialistas do JPMorgan.
O preço alvo da casa para as ações da Weg é de R$ 66.
Analistas da XP destacam que os papéis sangram em meio aos ‘perigos das altas expectativas’, dado que o mercado mantinha uma régua alta com o operacional da empresa.
“Após três trimestres de lucro abaixo das expectativas, acreditamos que os resultados recentes corroboram algumas das preocupações dos investidores em relação à tese de investimento da WEG, com rentabilidade abaixo do esperado levantando questões sobre as revisões de consenso no curto prazo. Embora mantenhamos nossa recomendação de compra, sustentada por fundamentos positivos de longo prazo, vemos preocupações razoáveis em relação aos potenciais impactos diretos e indiretos de uma desaceleração macroeconômica global no crescimento dos lucros da WEG, com os múltiplos de valuation atuais não necessariamente fornecendo uma margem de segurança.”
Os especialista ainda frisam que a empresa mostrou um mix de produtos menos favorável (produtos de geração ganhando participação nas receitas consolidadas, com redução do EEI de ciclo longo) e preços de frete e despesas de mão de obra mais altos, com menor alavancagem operacional – o que implicou em um desempenho da margem como o destaque negativo.
Desempenho das ações da Weg
As ações da Weg recuam 14% no acumulado do ano de 2025. Todavia em uma janela maior, de 12 meses, os papéis sobem 14%. Conforme dados atualizados do Status Invest, as ações são negociadas a um múltiplo de 31,6x em termos de preço sobre lucro e de 24,7x em termos de EV/Ebitda.