A possibilidade de os Estados Unidos reduzirem, significativamente, o apoio a agências de desenvolvimento multilaterais, como o Banco Mundial, pode ser negativa para o crédito dessas instituições, diante da importância do governo americano como acionista, pondera a agência de avaliação de risco Moody’s em relatório divulgado nesta segunda-feira, 10.

No dia 4 de fevereiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva para que fosse feita uma revisão de todas as organizações intergovernamentais internacionais das quais os EUA é integrante.

Além disso, o governo anunciou planos para fechar a Agência dos EUA para Assuntos Internacionais Desenvolvimento (Usaid, na sigla em inglês), retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS, na sigla em inglês) e fazer uma pausa à ajuda externa por um período de 90 dias no final de janeiro.

Para a Moody’s, as medidas levantam questões sobre o risco de uma mudança, potencialmente, marcante na política dos EUA em relação aos bancos multilaterais de desenvolvimento.

Ainda que seja cedo para se chegar a conclusões definitivas, a Moody’s considera improvável que os EUA tomaria medidas drásticas relativamente à sua participação nos principais bancos de desenvolvimento.

A Moody’s pontua que grandes participações dão aos EUA influência sobre as políticas das organizações, permitindo que governo americano tenha uma posição muito forte para influenciar diretrizes e decisões de empréstimo das instituições. “Esperamos, portanto, que o envolvimento dos EUA nos bancos de desenvolvimento continuará, potencialmente com algumas alterações”, avalia.

Ainda que grande, os EUA são um dos muitos acionistas da maioria dos bancos de desenvolvimento. Os EUA detém participações significativas no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID, na sigla em inglês) – que recebe rating Aaa e perspectiva estável – e no Banco de Desenvolvimento da América do Norte (NADB, na sigla em inglês) – detentor do rating Aa1, com perspectiva estável.

Os EUA são também o maior acionista nas diversos braços do Banco Mundial, como a Associação de Desenvolvimento (IDA, na sigla em inglês) e a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês)

A Moody’s destaca ainda que a saída dos organismos multilaterais é um processo viável, mas demorado e abriria a porta para outros acionistas.