22/06/2005 - 7:00
Houve, no início deste século, uma grande dúvida sobre o destino da Revlon no Brasil. A fabricante de cosméticos vinha de escândalos contábeis na matriz, perdas financeiras e arranhões em sua imagem. Em 2001, vendeu a marca brasileira Colorama, um de seus principais ativos, com fábrica e tudo o mais. O negócio foi de US$ 60 milhões e encerrou a história produtiva da Revlon no Brasil. A planta da Colorama, em Guarulhos, única do grupo, fazia, além dos produtos da marca, boa parte dos cosméticos da linha Revlon. Após a venda, o mercado colocou um ponto de interrogação na operação brasileira. A Revlon agüentaria a concorrência no mercado interno apenas com importação? Para piorar, a reestruturação mundial da companhia custava a chegar ao Brasil. Era como se tivessem esquecido da filial. Pois o tempo passou, a reestruturação chegou, a empresa trocou a produção pela terceirização e hoje é a filial número um em faturamento na América Latina (embora não revele cifras). A venda da Colorama, enfim, mostrou-se um excelente negócio. Boa parte da produção dos cosméticos com a marca Revlon e de toda a linha Bozzano foram entregues a outras empresas. Com a medida, os custos diminuíram, o volume aumentou e o lucro voltou ao balanço. E a julgar pelo sorriso do diretor comercial, Gustavo Hildenbrand, a filial nem cogita voltar a ter produção local. ?O que mudou foi a cultura da companhia?, diz o executivo.
Mudou mesmo. No Brasil, por exemplo, não há mais o posto de presidente. Agora, tudo é dividido entre Hildenbrand e mais alguns diretores. A estratégia é simplificar a operação para tornar a Revlon mais ágil. Vem funcionando. Em 2004, a filial cresceu 20%. ?Agora teremos de fazer a Revlon crescer 10% ao ano até nos transformamos na terceira maior operação fora dos EUA?, diz Hildebrand. Hoje, ela é a quarta no ranking do grupo, que fatura US$ 2 bilhões. Está atrás de Austrália, África do Sul e Inglaterra.
A arma para aumentar a venda anual em 10% é a consolidação da marca Bozzano em um dos maiores setores do Brasil: aparelhos de barbear. Dados da consultoria AC Nielsen mostram que a indústria de aparelhos fatura ao redor de R$ 1,2 bilhão ao ano. ?Temos 47% do setor de cremes de barbear. Acredito que dá para repetir o feito nos aparelhos?, diz o confiante Hildebrand, que terá pela frente rivais como Bic e Gillette.