02/02/2005 - 8:00
DAL PINO, DA TIM: Há uma fila de 30 empresas esperando para usar os serviços do BlackBerry
De tempos em tempos, alguém na indústria de tecnologia dá um salto qualitativo que deixa os concorrentes boquiabertos. Um desses momentos aconteceu em 1999, quando foi lançado nos EUA um produto chamado BlackBerry. Fusão de computador de mão, agenda pessoal e telefone celular ? com poder inédito de receber e processar e-mails ? ele é um instrumento de trabalho de características inéditas. Garante mobilidade e comunicação para quem está na rua e precisa acessar em tempo real as mensagens da sua caixa postal. Desde que foi lançado, ele gerou uma verdadeira onda de consumo e já chegou às mãos de 2 milhões de pessoas. Seu sucesso transbordou dos Estados Unidos, chegou à Europa, invadiu a Ásia, aportou no México e, desde a semana passada, desembarcou em grande estilo no Brasil. ?É um equipamento que muda a vida e traz mais eficiência ao mundo corporativo?, afirma Paolo Dal Pino, presidente do Conselho de Administração da TIM Brasil. ?Em média, o executivo ganha 53 minutos por dia ao usá-lo.?
As negociações entre a TIM Brasil e a Research In Motion (RIM), fabricante canadense do produto, começaram há um ano. Foram facilitadas porque a
matriz da operadora brasileira, a Telecom Italia, já vende o produto para os seus clientes na Europa e os executivos brasileiros nunca duvidaram que o fenômeno poderia se repetir por aqui ? uma tese que foi rapidamente confirmada. Quando as primeiras informações sobre o produto começaram a surgir no mercado, os clientes corporativos procuraram a companhia em busca de informações sobre a novidade. Das 6 mil unidades encomendadas aos canadenses, 1,5 mil já tinham dono na semana passada. E a lista de espera tinha 30 empresas. Elas estão interessadas em manter os seus executivos interconectados 24 horas por dia ? ao custo unitário de R$ 15 mil em licenças de software e equipamentos. A mensalidade sairá R$ 428 por um mínimo de cinco aparelhos. Esse o valor por cada unidade. ?Nenhuma empresa perderá um único negócio após contratar o serviço do BlackBerry?, afirma o presidente da TIM, Mario Cesar Pereira de Araújo. ?Esse produto sintetiza tudo o que pensamos.?
A TIM não revela quanto gastou nesse desembarque, mas os recursos destinados ao projeto fazem parte de um bolo de investimentos que irá superar US$ 1,5 bilhão nos próximos dois anos. Só em 2004, a companhia gastou US$ 1 bilhão na expansão da sua rede. E desde 1998, os recursos injetados no País superaram US$ 6 bilhões. O objetivo de tanto investimento é claro: a TIM quer ser a maior operadora de telefonia celular do País e pretende alavancar o crescimento com muita inovação. A cobertura dos celulares TIM atinge 2 mil cidades brasileiras e 100 países. A empresa pretende vender pacotes para companhias com operações nacionais e internacionais. Junto ao BlackBerry há outros serviços. Um deles é um telefone celular da Motorola, com tecnologia Windows, que permite a completa sincronização entre o celular e o computador. A segunda opção é um pequeno computador de mão da Nokia com recursos que vão desde uma boa navegação na internet até a montagem de apresentações de negócios dentro do software PowerPoint da Microsoft. Com esses instrumentos de ponta, a TIM espera atender diferentes demandas pelos seus serviços de mobilidade. O momento parece ser adequado para o avanço. Perto de anunciar os resultados de 2004, a empresa atravessa uma fase de excelentes notícias. No final de dezembro, segundo as primeiras projeções, superou em número de clientes a concorrente Claro, até então a segunda colocada atrás da Vivo. Chegou na casa dos 13 milhões de assinantes. Frente à líder, a TIM tem uma vantagem. A tecnologia por trás dos seus celulares é GSM, a que mais cresce no universo celular. Só no ano passado a base de aparelhos GSM cresceu 227%. ?Vamos continuar acreditando no País e a escolha da nossa equipe de profissionais mostra que estamos no caminho certo?, afirma Dal Pino.
PEREIRA DE ARAÚJO, PRESIDENTE: “O BlackBerry sintetiza o nosso pensamento”
Parte dessa crença se apóia numa estratégia de marketing lastreada em emoção. O slogan ?Viver sem Fronteiras? está presente em todas as ações da empresa, da realização de uma festival de música até um evento com grupos de música internacionais. A última investida foi no São Paulo FashionWeek, o principal evento de moda do País. A TIM desbancou a Vivo como patrocinadora e levou para dentro das passarelas e camarins das modelos a sua marca. A estratégia foi comandada pelo diretor de marketing da companhia, James Rubio, e deu resultados. A modelo Daniela Cicarelli, noiva do jogador Ronaldinho e como ele garota-propaganda da TIM, foi um dos chamarizes do evento. ?A idéia é vender os benefícios práticos e emocionais da marca?, resume o publicitário Luiz Lara, presidente da Lew, agência que cuida da marca italiana no Brasil. Com o BlackBerry, a regra da emoção será aplicada novamente. A campanha do produto começa no final do mês e mostrará ao público que, conectados, eles poderão ganhar tempo e aproveitar a vida ? sem fronteiras, claro.
DE BELL AO BLACKBERRY
A comunicação interpessoal instantânea, inaugurada no século 19,
evoluiu para atingir uma nova síntese tecnológica
1876
O canadense Alexander Graham Bell utiliza um novo equipamento que usa eletricidade e magnetismo para transmitir a voz humana.
1913
AT&T, empresa que descende da companhia de Bell, é a líder de mercado nos EUA
1948
Claude Shannon faz o primeiro envio de informações por código binário. Esse é o atual
princípio da telefonia digital e da internet.
1970
Entram em operação as redes de fibras óticas
1983
O telefone móvel começa a ser vendido nos EUA. No final do ano já são 500 mil usuários do sistema
1992
Os celulares digitais conquistam clientes com a tecnologia TDMA
1995
A VocalTec testa o uso da internet para ligações telefônicas
2005
O BlackBerry ganha o mundo e chega à marca de 2 milhões de usuários