08/12/2004 - 8:00
O livro Idéias que Mudaram o Mundo, de Felipe Fernández-Armesto, da Editora Arx (400 págs., R$ 75), é uma espécie de catálogo dos pensamentos que revolucionaram a humanidade. Ele lista, em ordem cronológica, os momentos chaves da História. DINHEIRO selecionou os passos definitivos na evolução da economia e
como seus efeitos são percebidos até hoje.
Trabalho
Quando as pessoas começaram a fazer a distinção seminal entre trabalho e lazer? Na Idade da Pedra não se concebia o trabalho como rotina ? ele era visto como um ritual coletivo. A agricultura alterou esse conceito, ao conceber a labuta como algo distante do prazer. A necessidade de irrigação ou drenagem do solo levou ao aumento do número de horas destinadas à produção adequada de comida. Na Idade do Bronze, os homens já gastavam a maior parte do tempo com trabalho. Começavam os tempos modernos.
Mercantilismo
Por volta do século XVI, quando os viajantes europeus descobriram as riquezas do Oriente, o ouro e a prata tornaram-se a base da riqueza. Para enriquecer, é natural, é preciso vender mais do que comprar. Tal idéia ganhou o nome de mercantilismo e, a partir dela, os governantes europeus decidiram evitar a exportação de suas divisas. O resultado foi catastrófico. O dinheiro sumiu de circulação e a disputa por mercados deu origem a guerras dispendiosas. O mercantilismo deixou como herança a noção de que é crucial o equilíbrio entre o que uma economia ganha a partir de outras e o quanto ela paga aos fornecedores externos de bens e serviços.
Capitalismo
A idéia de que o capitalismo é virtuoso é antiga. Foi esboçada no século VI a.C pelo filósofo Mahavira. Ele considerava a criação da riqueza moralmente neutra, contanto que o rico atendesse às necessidades de seus semelhantes. Isso antecipa a justificativa moral do capitalismo moderno: o rico ?emprega o artesão? e sua prosperidade ?respinga? e enriquece a sociedade. Mas essa doutrina sempre foi polêmica. O socialismo proporia uma alternativa: o comércio devia ser monópolio do Estado. Hoje, ainda se procura uma ?terceira via?, que conserve os benefícios do capitalismo mas controle seus excessos.
Livre mercado
O escocês Adam Smith (1723-1790, à esq.) criou uma das idéias mais poderosas da história do pensamento econômico: o livre mercado, ou seja, a idéia de que a lei da oferta e da procura não deveria ser regulada ? a riqueza acumulada pelo rico acabaria chegando ao pobre, como numa pirâmide de taças de champanhe, num efeito cascata. Essa visão revelou-se equivocada quando a Revolução Industrial do século XIX
e a economia da informação do século XX cavaram abismos intransponíveis entre as classes sociais e os países.
Economia do Bem-Estar
Em 1936, o inglês John Maynard Keynes (foto) lançou a mais forte resposta à idéia de auto-regulação dos mercados. O keynesianismo se opunha à idéia de que o mercado atinge sozinho os níveis de produção e emprego demandados pela sociedade, e por isso a intervenção é necessária. Para o pensador, ao investir receitas futuras nos serviços públicos e infra-estrutura, os governos podem recolocar as pessoas no trabalho e construir potencial econômico. Isso produziria impostos que pagariam os custos do investimento. Suas idéias foram bem sucedidas no período pós-depressão de 1929, depois da quebra da Bolsa de Valores de Nova York.