19/11/2020 - 19:38
O cofundador da Gove Ricardo Ramos foi o convidado da live da IstoÉ Dinheiro nesta quinta-feira (19). A empresa de Ramos é uma das muitas govtechs que existem no País. Elas são startups voltadas para o desenvolvimento e venda de projetos inovadores para o setor público que ajudam a identificar receitas, administrar o orçamento, combater o desperdício, identificar malfeitos e racionalizar o atendimento às demandas da população. Na prática, a Gove é uma empresa (plataforma de inteligência) que joga luz sobre as ineficiências dos gastos. Ao fim e ao cabo, ela funciona como um braço auxiliar dos gestores no dia a dia da administração. “Melhorar a gestão pública utilizando a tecnologia é um caminho sem volta”, diz.
Na entrevista, Ramos explica – e detalha – que a Gove atua na automação de análises estratégicas para gestão financeira municipal. Ou seja, além de identificar novas fontes de receitas, eles trabalham para corrigir ineficiências nas despesas, além de ajudarem os prefeitos a seguirem à risca o cumprimento das despesas orçamentárias obrigatórias, como em educação e saúde. A ideia do negócio, que é novo e ainda pouco explorado no Brasil, é que os gestores públicos tomem 100% de suas decisões utilizando dados, evidências e tecnologia. “Os gestores públicos estão olhando mais para a tecnologia, principalmente depois da pandemia.”
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Segundo o executivo, dados da startup comprovam que as prefeituras relatam uma melhora efetiva nas rotinas de gestão das finanças com o uso de softwares, conseguindo identificar e implementar melhorias nas receitas e despesas das cidades. “É um investimento que se paga e retorna ao município muito rapidamente para que o dinheiro público possa ser convertido em outras realizações”, diz.
“O pós-pandemia vai exigir dos gestores municipais melhor eficiência nos gastos públicos. A gente não quer que as prefeituras fiquem ricas, queremos que elas tenham mais dinheiro para investir melhor e com qualidade”, diz.
Trabalhando com cerca de 100 prefeituras (que pagam de R$ 15 mil a R$ 150 mil por ano por seus serviços), desde o início da plataforma, a Gove tem como foco os pequenos e médios municípios – 97% das 5.700 cidades brasileiras -, que são mais carentes de orientação econômica. “O objetivo central é combater a ineficiência do setor público, ajudando os municípios se desenvolverem.” No entendimento do executivo, os gestores públicos pouco utilizam desses recursos valiosos para a tomada de decisão diária.
Na conversa, Ramos cita que as prefeituras chegam a ter dezenas de contas bancárias e deixam de utilizar o dinheiro por desconhecimento de utilização de dados financeiros, o que as impede de otimizar o orçamento municipal. Na live, ele diz que a Gove conseguiu auxiliar os municípios corrigindo ineficiências, como os preços na aquisição de medicamentos por valores acima do melhor disponível no mercado, além da identificação e utilização de recursos financeiros municipais esquecidos em contas correntes. “A plataforma ajuda os gestores a terem um domínio sobre a máquina pública com um gerenciamento contínuo das análises dos dados orçamentários”, avalia.
Em 2018, a startup de Ricardo Ramos foi escolhida pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das universidades mais respeitadas do mundo, como uma das 35 iniciativas mais inovadoras da América Latina. No início de 2020, a Public Tech, instituição espanhola ligada à IE Business School, selecionou a empresa como uma das cinco organizações brasileiras no mapa das 100 melhores govtechs da Ibero-América. O cofundador da Gove avalia que nos próximos dois anos eles vão multiplicar o número de clientes em dez vezes. “Para quem gosta de desafios, para quem tem coragem, não existe negócio melhor que as govtechs”, finaliza.