13/10/2016 - 18:35
As malas de viagem da grife Louis Vuitton, marca que pertence ao grupo francês LVMH, são muito cobiçadas. Mas, mesmo com toda a sofisticação em torno das peças e o toque de tradição visto nas bagagens de couro, elas não conseguiam agradar a todos que podem pagar milhares de dólares por uma delas. Aqueles que procuravam algo mais prático e tecnológico partiam para outras grifes. Uma das que mais se beneficiaram desse movimento foi a alemã Rimowa, conhecida pela união de resistência e elegância em suas peças de alumínio e que chegam a custar mais de € 1 mil. Diante de suas deficiências, o LVMH foi para o ataque.
Com faturamento de € 35,7 bilhões em 2015 e 57 grifes, sacou € 640 milhões e arrematou 80% da Rimowa, empresa de Dieter Morszeck, neto de Paul Morszeck, fundador da grife em 1898. Ele continuará a frente da companhia ao menos por enquanto, mas terá ao lado Alexandre Arnault, 24 anos, filho de Bernard Arnault, homem mais rico da França e o principal acionista do LVMH. “A partir de agora, não me sentirei culpado por utilizar os produtos da Rimowa”, afirmou Alexandre em seu Twitter. A ofensiva do LVMH pode ser analisada por diversos fatores. O primeiro é aumentar o portfólio diante de um momento conturbado para o mercado de luxo.
A China, que foi o combustível de crescimento dos últimos anos, está desacelerando. Além disso, diante do acirramento da concorrência, como a da também francesa Hermès, tirar um ativo precioso do mercado também contou a favor do negócio, do ponto de vista do LVMH. No ranking de marcas mais valiosas de 2016, feito pela consultoria americana Interbrand, a Hermès cresceu 17% e foi a marca de luxo com o maior salto no ano. A Louis Vuitton, que permanece como a mais importante do setor, cresceu 8%. Para completar, Bernard Arnault coloca o seu filho na principal função dentro de seu império até hoje.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, foi o próprio Alexandre que endossou a aquisição. Ainda segundo o periódico, o jovem, que se descreve nas redes sociais como um louco por tecnologia e nerd de coração, foi o primeiro a entrar em contato com Morszeck para falar sobre o negócio. Depois de fechado, foi decidido que, para manter a tradição, o alemão também continuaria à frente da grife. “O LVMH é especialista em agregar marcas ao seu portfólio sem agredir a sua imagem”, afirma Daniela Khauaja, coordenadora de marketing da pós-graduação da ESPM e especialista em luxo. Inspirado nos êxitos do pai, a missão, agora, está nas mãos do jovem Arnault.