24/08/2020 - 6:47
O grupo anglo-australiano Rio Tinto vai retirar 3,5 milhões de dólares de bônus de seu diretor executivo depois que a empresa destruiu uma caverna que foi habitada há mais de 46.000 anos por aborígenes, um incidente que provocou grande comoção na Austrália.
Em 24 de maio, a empresa, para ampliar uma mina de ferro, derrubou com explosivos a caverna de Juukan Gorge, na Austrália Ocidental, um dos locais habitados mais antigos do país.
O francês Jean-Sébastien Jacques, diretor executivo da Rio Tinto, terá que renunciar a 2,7 milhões de libras (3,5 milhões de dólares) de bônus por este incidente, anunciou o grupo, após uma investigação interna.
O diretor da divisão de “ferro”, Chris Salisbury, e a diretora de comunicação, Simone Niven, devem renunciar a bônus de 792.000 dólares e de 687.000 dólares.
A investigação interna mostra que a Rio Tinto recebeu as autorizações legais para derrubar o local, mas que, ao fazer isto, o grupo não respeitou as próprias normas.
Segundo a investigação, o ato “não foi o resultado de apenas uma causa ou de um único erro”, e sim de uma “série de decisões, ações e omissões durante um longo período”.
O presidente da Rio Tinto, Simon Thompson, lamentou a falta de respeito da empresa com as comunidades locais e seu patrimônio.
“Vamos implementar importantes novas medidas para assegurar que o que aconteceu na caverna de Juukan não volte a ocorrer”, destacou.
A princípio, a Rio Tinto defendeu a destruição do local porque havia recebido autorização do governo do estado.
Mas a comoção provocada entre os líderes aborígenes, que afirmaram ter sido informados muito tarde para impedir a derrubada, levaram ao pedido de desculpas da empresa.
Graças a escavações arqueológicas em uma das cavernas, cientistas encontraram o mais antigo exemplar conhecido de ferramentas de osso na Austrália, um osso de canguru afiado de 28.000 anos. Testes de DNA mostraram um vínculo genético com ancestrais dos indígenas que ainda vivem na área.